No fim de “A Justiça da Rainha”, vimos o fracasso do plano de invasão à Castely Rock, enquanto que a tomada de Jardim de Cima pelos Lannisters é mais do que bem-sucedida (ao menos do ponto de vista financeiro).
Cersei prometeu ao Banco de Ferro que pagaria sua dívida em uma quinzena e cumpriu. Em mais uma visita da instituição, a situação parece mais favorável à rainha. Num determinado ponto da conversa com Tycho Nestoris (Mark Gatiss), o representante do Banco, Cersei diz que Qyburn estaria em negociações com a Companhia Dourada de Essos.
A introdução da Companhia na série significa mais uma carta no baralho dos Lannisters. Nos livros, esta é a mais famosa organização de mercenários das Cidades Livres. A organização foi criada por Aegor Rivers – conhecido por “Açomargo” -, junto com os filhos de Daemon Blackfire, após a Primeira Revolução Blackfire – conflito armado entre os filhos do rei Aegon, o Indigno.
A Revolução Blackfire colocou a Casa Targaryen contra Daemon Blackfire, bastardo favorito de Aegon. Isso significa basicamente que se Cersei os contratar, terá ao seu lado um grupo extremamente habilidoso de mercenários que odeiam os Targaryen – e tem motivos históricos para isso.
Em Winterfell, a reunião da família Stark prossegue com a chegada de Arya. O reencontro da menina com Sansa é muito mais caloroso do que o com Bran, embora reforce as diferenças entre as duas, e sua falta de conexão no passado. Ao mesmo tempo, é interessante notar que as trajetórias das meninas Stark não foram tão diferentes. Ambas tiveram que se submeter as regras de outras pessoas, até assumirem suas identidades. Mesmo que ainda distantes – a cena do duelo entre Arya e Brienne deixa isso bem claro – elas já são confiantes o suficiente para não se sentirem ameaçadas pelo que a outra representa.
Em toda a família Stark, porém, ninguém mudou tanto quanto Bran. Ao se despedir de Meera, o garoto deixa claro que sua transformação em Corvo resultou no abandonamento da identidade de Bran Stark. O garoto ainda parece estar sondando o terreno: num minuto, ameaça Mindinho com uma fala dita anteriormente pelo ex-conselheiro (“O Caos é uma Escada”). No outro, é evasivo quando as irmãs o questionam sobre as intenções de Baelish. Talvez ao encontrar Jon, Bran revele mais do que sabe.
O Rei do Norte continua em Pedra do Dragão, mas aos poucos ganha a confiança da Mãe dos Dragões. Durante as escavações nas minas de vidro de dragão, Jon descobre uma série de pinturas ruprestes que relatam a luta das Crianças da Floresta e dos Primeiros Homens contra os Caminhantes Brancos. Pela primeira vez, Daenerys acredita no bastardo. Isso não é suficiente para que Jon jure lealdade a moça, mas visivelmente estreita os laços entre os dois (será que o tão sonhado casal “Jonerys” vai realmente acontecer?).
Mas as más notícias não demoram para chegar em Pedra do Dragão. Ao saber que a invasão à Castely Rock falhou, Daenerys perde a confiança em Tyrion, e decide agir por conta própria. O episódio retorna aos Lannisters com o ataque dos Dotharki – liderados por Daenerys, montada em Drogon – aos exércitos de Jaime.
A sequência foi uma das mais grandiosas e impactantes de toda a série, já que nunca o poder destrutivo dos dragões foi tão bem explorado. Os próprios Dothraki são um show à parte – como disse o já falecido Robert Baratheon, nenhum exército luta tão bem quanto eles num campo aberto. Mas o grande destaque é de fato Drogon, que finalmente nos faz entender o poder que deixou os Taragaryens por tanto tempo no Trono de Ferro.
Bronn consegue ferir Drogon com o “escorpião” desenvolvido por Qyburn, mas a situação termina favorável para Dany. Jaime aproveita o momento de fraqueza do dragão e tenta atacar Daenerys. Por muito pouco, o cavaleiro não é queimado vivo por Drogon, mas cai num lago e não fica claro se vai sobreviver à batalha.
A essa altura já ficou claro que os nomes dos episódios da série não são decorativos. Para bom entendedor, meia palavra basta. Os espólios de uma guerra podem ser positivos ou negativos. A história, entretanto, nos ensinou que as glórias se limitam às grandes instituições – como o Banco de Ferro -, enquanto que, para a população de uma forma geral, restam apenas miséria econômica e social.
Nesse ponto da série, todos os personagens carregam esse tipo de trauma, que os moldou no que são hoje. Os exemplos mais claros são as crianças Stark, todas muito jovens no começo da trama. A já citada sequência em que Arya duela com Brienne é um bom exemplo disso: Sansa se dá conta que, do mesmo modo que foi brutalmente transformada com os conflitos que vivenciou, Arya não é mais a garotinha indefesa que ela conheceu. O último diálogo de Bran e Meera é incrivelmente triste pelo mesmo motivo.
Entretanto, talvez Jaime seja o que mais exemplifique essa questão. O cavaleiro sobreviveu a uma guerra marcado pela alcunha de “Regicida” – quando na verdade, salvou toda a população de King’s Landing. Lutou outro conflito bélico com os Stark, onde foi prisioneiro e perdeu uma das mãos, e perdeu os três filhos. Agora, enfrenta sua terceira guerra. Seu envolvimento ajudou sua família a manter sua posição e prestígio, mas é inegável todas as perdas físicas e simbólicas que Jaime sofreu com o passar dos anos. O final ambíguo do personagem nos faz questionar se agora ele teria sofrido a maior de todas.
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