Diretor de “Hoje Não Quero Voltar Sozinho” aposta em obra autobiográfica
Uma leva de filmes brasileiros chega aos cinemas, e entre eles, estão presentes o polêmico “Transe” e o recente “13 sentimentos”. Dirigido por Daniel Ribeiro, responsável pelo clássico do cinema LGBTQIA+, “Hoje não quero voltar sozinho”, o filme chega no dia 13 de junho ao circuito nacional.
E como em “Transe”, “13 sentimentos” está bem longe de ser um bom filme. Mas vamos por partes! No filme, um jovem cineasta termina seu relacionamento de 10 anos de forma amistosa, e agora explora as novas oportunidades que a vida de solteiro abriram para ele. Em contrapartida, ele enfrenta um bloqueio criativo e seus projetos foram adiados pela produtora que trabalha. Em primeira mão, nada demais, é uma premissa simples e até interessante, despertando a curiosidade para como a sua nova fase de vida irá interferir na sua vida profissional e artística, seja positiva ou negativamente.
Porém, o que toma a tela é a desinteressante vida de um roteirista com bastante tesão. E até mesmo o tesão é, em curtos termos, bastante broxante. A culpa de grande parte dessa falta de libido vem tanto do roteiro quanto da direção. As cenas não possuem uma inspiração. O que, ao meu ver, vindo de um filme nacional, não tem cabimento! Temos um movimento cinematográfico dedicado inteiramente ao erotismo, não é como se faltasse referências. Ainda mais na forma como o filme aborda essas cenas de sexo, onde em determinada parte, o roteirista se torna “produtor” de filmes eróticos. E o mais surpreendente, é que essa nova carreira do personagem não tem impacto nenhum na trama principal. Como uma personagem do filme bem diz, “o roteiro está cru”. E não só o roteiro, como a direção.
Corpos musculosos e padronizados tomam a tela por uma hora e quarenta
A maioria das cenas possuem pouquíssimas variações de planos. Fazendo com que o público encare uma imagem quase que estática por em média 3 minutos. Um ótimo exemplo é uma cena presente no próprio trailer, onde o personagem principal está com seus amigos em um café, e eles estão lado a lado mexendo em seus celulares. E é isso. Por 3 minutos.
Inclusive, mencionando esses personagens, ambos os amigos tem pouco ou nenhum desenvolvimento durante o longa e nada afetam a trama principal. Não que tenha muita coisa acontecendo nela, mas é de extremo mal gosto colocar os únicos personagens negros em completo segundo plano, quase que funcionando como uma espécie de cota. O que gera um gosto amargo. O terceiro personagem negro na trama é o ex do João, que é mencionado pela primeira vez devido ao tamanho de seu pênis, e só realmente aparece próximo ao fim do filme.
Retornando a cinematografia, as escolhas de ângulos também são questionáveis, onde a fotografia prioriza planos abertos com uma composição de extremo mal gosto, o que gera um enorme incômodo. Além do péssimo trabalho de cores. O apartamento do protagonista é pintado de branco, com alguns artefatos aleatorios que evocam sua personalidade e brasilidade. Como um filtro de barro ou uma bandeira roxa e verde do Brasil. Ou seja, é o apartamento de mais um usuário assíduo da rede social “X”.
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Sintetizando, o longa é um grande ato masturbatório de uma persona totalmente perdida que não sabe se seu conflito é sexual, amoroso ou financeiro. E numa tentativa de juntar todas essas coisas, o filme acaba por falar sobre nada. É um projeto vazio como a classe elitista de artistas que se apossaram dos meios de produção audiovisual brasileira. E o reflexo desses criadores são narrativas sem conflito, sem ideias, sem paixão, e com muito pouco para ser dito. Que, além de tudo, tomam pautas importantíssimas como sexualidade, gênero e política para fazerem péssimos pontos e servirem de munição para quem declara a ávidos pulmões que o cinema nacional está morto.
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