48ª Mostra de Cinema em São Paulo | Pílulas do 1º Dia

Três Filmes de Três países diferentes

A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo já começou, e nessas “Pílulas do 1º Dia” você confere críticas curtas de 3 filmes que vimos.  Eles são de três países diferentes, sendo um deles de Cabo Verde, país com pouca tradição cinematográfica, e que quase não exporta filmes ao Brasil.

Por que a Guerra? | Perguntas sem Respostas

O renomado cineasta israelense Amos Gitai tem se dedicado, há anos, a realizar filmes que denunciam e refletem sobre as guerras, especialmente aquelas perpetradas por seu próprio país. Em “Por que a Guerra”, Gitai novamente direciona suas lentes aos conflitos, que se alastraram nos últimos anos, mas, desta vez, ele se utiliza de cartas trocadas entre Albert Einstein e Sigmund Freud, nas quais os dois ilustres pensadores discutem o tema. O filme inicia-se com uma instalação artística em Tel Aviv, criada para homenagear os reféns que ainda permanecem sob o cativeiro do Hamas e que, aparentemente, não são uma preocupação para Benjamin Netanyahu. Contudo, a maior parte da obra se desenrola em um teatro, onde atores debatem sobre a guerra, enquanto Freud (Mathieu Amalric) e Einstein (Micha Lescot) também divagam.

Trata-se de uma obra significativa, dado o atual contexto mundial; no entanto, devido à sua estrutura teatral, pode tornar-se um tanto cansativo, mesmo com uma duração de apenas uma hora e meia.

É pertinente destacar a presença de Irène Jacob no elenco, que proporciona, talvez, a cena mais impactante do filme: enquanto olha para seu reflexo no espelho para tingir o cabelo, sua personagem é tomada pelo choro. A tinta vermelha sangue então cobre sua cabeça e, em seguida, seu rosto, tal como ocorre constantemente com as vítimas de bombardeios.

Nota: 3/5

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Hanami | Raízes e Maternidade 

Em “Hanami”, a mãe da bebê Nana a deixa com a avó em uma ilha vulcânica, retornando posteriormente quando a filha já se tornou uma jovem mulher.

O filme da cineasta estreante em longas, Denise Fernandes, é quase sensorial. A câmera acompanha a protagonista desde a infância, utilizando movimentos e cortes lentos. A contemplação dos planos destaca a beleza da ilha, ao mesmo tempo que exterioriza a eterna espera da garota. Ela anseia por conhecer sua mãe, enquanto também busca criar raízes em seu local de nascimento. Assim, terá de tomar uma decisão difícil.

O problema de “Hanami” reside na ausência de conflitos ou de ponto de inflexão em seu roteiro. Apenas a contemplação não consegue prender a atenção do espectador; na verdade, torna a experiência até um pouco cansativa.

Obs.: Para assistir a um filme de Cabo Verde, apenas em eventos como a Mostra de Cinema, já que o mercado exibidor brasileiro quase não importa filmes de países sem grande tradição cinematográfica. Portanto, vale conferir caso queira conhecer cinematografias diferentes. 

Nota: 2/5

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Segundo Prêmio | Amizade e Rock and Roll

Em “Segundo Prêmio”, a direção de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez conduz o espectador a acompanhar os êxitos e desavenças de uma banda de rock na cidade espanhola de Granada durante a década de 90. A história tem seu ponto de partida após a saída da baixista, desencadeando conflitos, principalmente no âmbito criativo do grupo.

O filme de Lacuesta e Rodríguez é repleto de drogas, bebidas e cigarros, filmado com baixa iluminação, o que confere a algumas cenas, especialmente no apartamento utilizado pela banda para compor suas músicas, um ar fúnebre. Em meio às sombras e tropeçando no lixo deixado pelas festas, os personagens vagueiam, buscando o sentido de sua existência e a inspiração para suas composições. Além disso, a proporção de aspecto 4×3 acentua a sensação de sufocamento e desolação.

Embora o trabalho de fotografia e direção seja admirável, não consegue ocultar a falta de originalidade do roteiro e o tédio que ele provoca. É difícil sustentar o interesse por quase duas horas diante das agruras burguesas europeias, uma vez que já foram exploradas de forma mais eficaz em obras do passado.

Nota: 2/5

A 48ª Mostra de Cinema em São Paulo vai até o dia 30 de outubro.

_{Imagem em destaque do filme “Segundo Prêmio”: Divulgação}