A Disney parece querer mostrar ao mundo que consegue sucessos de bilheteria sem depender das suas propriedades mais recentes. Ou seja, é preciso ser a grande Disney além da Marvel, da Pixar e da franquia Star Wars. O público não pode esquecer dos contos de fadas protagonizados por princesas e heróis sem capas e armaduras. É fácil constatar isso pelas várias produções que estão dando ou que darão as caras no cinema. No primeiro semestre de 2019 foi exibido “Dumbo” e agora “Aladdin”. Até o fim desse ano e o início de 2020 ainda haverá “O Rei Leão”, “Malévola 2” e “Mulan”. Essa enxurrada de produções pretende ratificar o quase monopólio que o estúdio possui na indústria hollywoodiana recente. Claro que quantidade não significa qualidade e tombos serão frequentes. Pode-se dizer que “Aladdin” dá um leve tropeço, porém não chega a se espatifar completamente.
O início do longa dirigido por um irreconhecível Guy Ritchie já apresenta o personagem título interpretado por Mena Massoud em suas peripécias pela cidade. Ele perambula no meio das pessoas fazendo pequenos furtos para poder comprar comida. Com grande conhecimento dos becos e atalhos da cidade, suas habilidades acrobáticas e a ajuda do esperto macaco Abu, Aladdin consegue se sustentar. Em uma de suas ações, o jovem conhece a bela princesa Jasmine (Naomi Scott), que se disfarça para andar junto do povo e vivenciar seus sofrimentos. Jasmine se afeiçoa pela sinceridade e liberdade de Aladdin, no entanto, não pode contar a ele sobre seu título real. Naquele mundo, uma princesa só pode se relacionar com um príncipe.
Boa parte da culpa pelo desinteresse gerado é da direção, e quando dito acima que Guy Richie está irreconhecível, é por causa de sua atuação genérica nesse quesito. Não há nenhum vislumbre de seu estilo nas sequências de perseguição envolvendo o protagonista. Seus cortes rápidos, as câmeras inquietas e o seu sarcasmo não estão presentes. Alguns podem dizer que esses artifícios não caberiam em um filme feito para o público infanto-juvenil. Tudo bem, então porque ter Guy Richie e não qualquer diretor de encomenda disponível na indústria? Ocorre aqui o mesmo que aconteceu com Tim Burton em “Dumbo”: um diretor que vira uma marca de grife, apesar de Burton ainda conseguir incluir alguns elementos autorais em seu filme e de ser mais conhecido que Richie perante o grande público. No final, restam algumas boas piadas, um belo casal de atores e lindas paisagens feitas em computador dentro de um filme que é a cara da Disney, no melhor e no pior sentido.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Walt Disney Studio
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