Alice in Borderland voltou após 2 anos para sua segunda temporada na Netflix. É o mais recente conteúdo maratonável para os viciados em adrenalina e death games — “Round 6”, “Battle Royale”, “Jogos Mortais” — e seja você um fã de adaptações de mangá,
No limite da morte
Tratando-se de adaptações, os fãs de uma obra original costumam ter opiniões apaixonadas sobre a finalidade de seu material. Com Alice in Borderland não é diferente, especialmente pela segunda temporada.
Para a finale, a direção tomou algumas liberdades a mais, no geral concentradas nos jogos — alguns foram cortados, como já ocorreu anteriormente. Certamente, enquanto uma mídia diferente, fidelidade não é (e não deve ser) parâmetro de qualidade.
Feito esse disclaimer, é de se louvar que a série se encerre em boa forma, mantendo-se fiel ao espírito do mangá (e mesmo ao conteúdo geral). Quem gostou do espetáculo visual da primeira temporada, não vai se decepcionar com a carnificina da segunda.
É ruim ou é camp?
É intencionalmente exagerado (e isso importa?)? É ambicioso ou só presunçoso? A linha entre essas perguntas não são bem definidas, e se o espectador não se permitir ser levado pela história, Alice in Borderland oferece uma leva de momentos de se pensar: “precisava mesmo?”
Nijirou Murakami (Chishiya) é um dos destaques evidentes dessa temporada; se no início da trama sua presença pode não ter agradado tanto, entre as cenas mais interessantes ele está ali protagonizando. A trama oferece um contraponto para sua personalidade mais fria, mostrando como era antes de chegar nas Borderlands.
Não há, porém, um degradê transicionando entre essas personas, e o personagem que é o estereótipo de “frio e calculista” — “oh, ele é literalmente eu” — parece uma caricatura de si mesmo, o que não chega a estragar a experiência. Chishiya é o protagonista moral, mas vamos com calma.
Já a etapa final, apesar do carisma — sem spoilers — é bem anticlimática, longos minutos de monólogo de protagonista (o famoso “discurso no jutsu”), que se devem muito ao material original. Apesar disso, ela consegue te convencer a embarcar na sua proposta; não é surpresa: Alice in Borderland é bom e competente.
Mais um death game?
O mercado está cheio de death games não é de agora, e ainda que Round 6 tenha provado como eles continuam super por dentro, não iam ser rip-offs quaisquer que supririam a demanda do público por tramas do tipo. AIB, como também chamado, entrega continuidade e sua própria autenticidade, apesar de percalços menores.
O roteiro abraça de vez conveniências pouco palatáveis na metade de seu andamento e saídas de script óbvias (personagens novos com arcos preguiçosos), contudo entretém em escolhas acertadas (como o destaque dado ao plot de Hikari, maior no final da série), que só contribuem para deixar a série impossível de não maratonar, dando ainda mais vida ao mangá.
Quando se falando então de originais Netflix, paira desconfiança de um público com crescente insatisfação com o catálogo, e Alice in Borderland é uma superprodução que mostra que quando se aposta no diferente — definitivamente NÃO estamos falando de “Imperfeitos” — todo mundo sai ganhando.
Não há aberturas para uma continuação direta, ao que o final tenha deixado dúvida para alguns. Há dois spin-offs da obra, mas tratam-se de histórias menores, uma delas acompanhando o protagonista. Quem sabe, a depender do sucesso, o streaming não tome a frente?
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