Ambientado na conservadora Jerusalém, o longa segue a vida do jogador de Israelense de futebol Ami Shushan (Oshri Cohen). Que após um flerte incidental com a namorada de um mafioso, acaba se vendo obrigado a se passar por gay. E com isso acaba se tornando um herói para comunidade, ao mesmo tempo que parece se distanciar cada vez mais de sua amada.
Só pela premissa, já é fácil entender o quão “complicado” é discutir os temas que o filme aborda. De início o texto depende inteiramente de piadas sobre esteriótipos associados da homossexualidade (basta reparar a em como o próprio protagonista reage a ideia de “fingir ser gay”), mas o arco de personagem acaba sendo sobre a desconstrução de sua homofobia e de sua figura no esporte.
E se por um lado o roteiro soa como um Hetero Savior (o primo menos conhecido do White Savior), por outro o contexto tem de ser levado em conta. Como já citado acima é um filme de 2014 ambientado em jerusalém e de abordando temas LGBTQI+, isso por si só já acarreta um mérito social próprio.
É preciso ressaltar porém esse mérito não é suficiente para valer as 100 minutos da projeção, já que a problemática do roteiro parece ser fichinha perto do desastroso uso da linguagem cinematográfica
Chega a ser incrível a mediocridade técnica do filme, o design de produção é tão caricato e sem total inspiração, que não seria de estranhar achar que está diante de nossos olhos uma esquete estendida do Zorra Total. Para se ter uma ideia aqui vai o uma descrição “braço direito” do Mafioso que obriga Shushan a fingir ser gay: jaqueta de couro, dentes tortos, sobrancelha grossa e cabelo armado (se a descrição pareceu tosca ou simplista, ela é está fazendo jus ao personagem).
É de se notar porém, que não havia muito o que fazer dado a “complexidade” do texto. Frases célebres (e que provavelmente se tornaram icônicas para o cinema) permeiam toda a produção, como por exemplo: “você é bonito, esperto, joga futebol, eu adoro jogadores de futebol”. Isso sem contar as “brilhantes” piadas como o técnico que morre de ataque cardíaco ao descobrir que a “homossexualidade” do protagonista.
Só não dá para dizer que tudo poderia ser resumido entre “ruim e de mal gosto” porque o casal protagonistas se esforça suficientemente para não deixar seus personagens caírem na pura bidimensionalidade do roteiro. Gal Gadot transmite da sua personagem um ar mais doce e delicado que soa quase como uma resposta instintiva a personalidade jocosa de Cohen.
“Amor em Jogo” chega bem intencionado e forte empenho de seus protagonistas, só é uma pena que acabe sofrendo por um roteiro pobre e uma direção incompetente.
Imagem e vídeo: Divulgação/Elite Filmes
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