“O Terceiro Olho” segue duas irmãs, Alia (Jessica Mila) e Abel (Bianca Hello), que perdem os pais em um acidente de carro e se veem obrigadas a voltar para a casa em que passaram a sua infância, na qual Abel tem visões sobrenaturais constantes. Essas experiências ocorrem porque a irmã mais nova tem o seu “terceiro olho” aberto, uma janela para o outro mundo e, incrédula com a situação, Alia pede para a médium Windu (Citra Prima) ajudá-la a também desenvolver essa habilidade psíquica. Com a continuação das assombrações, as duas devem desvendar quem são os espíritos responsáveis e por que eles estão tão interessados em sua residência.
Como já foi observado, o roteiro não é nada original, parecendo uma mistura nada sútil entre “O Sexto Sentido” (1999) e “Sobrenatural” (2010), pois utiliza exatamente a mesma estrutura, pontos de virada e até mesmo as reviravoltas desses dois longas. A maior diferença é que, enquanto Shyamalan e Wan desenvolvem seus personagens, o script de Rocky Soraya as deixa o mais superficial possível. Nada é construído, nem o relacionamento das duas personagens, nem como sua vida era na normalidade, o longa começa imediatamente com as assombrações antes de dar a oportunidade de simpatizar com as protagonistas.
A falta de sutileza também é presente nos diálogos, principalmente os de Windu, que está o tempo todo explicando as regras (que não fazem muito sentido) do sobrenatural. Inclusive, o grande momento da reviravolta na trama (que também não faz muito sentido) é feito da maneira mais sem graça possível, já que a médium só explica a situação para a protagonista como se fosse um problema de matemática. Não tem uma sensação de mistério ou de descobrimento, apenas uma personagem explicando o enredo.
O script pobre poderia ser amenizado com boas atuações, o que, infelizmente, também não é o caso. Nenhuma das três atrizes mais relevantes teve muita experiência antes desse longa, o que é bem aparente na sua falta de emoção, apesar de Jessica Mila ainda conseguir entregar uma boa performance nas cenas mais exigentes. O ator que mais se destaca – e que também já participou de outros longas mais conhecidos – é Epy Kusnadar, que interpreta o jardineiro da casa mal-assombrada.
O que salva a produção de ser um completo desastre é a direção, também de Rocky Soraya, que tem uma boa técnica, mas ainda assim deixa a desejar. O diretor abusa de recursos diferenciados, como o plano longo que passeia pela casa, ou o constante uso de drones para enquadramentos plongée e zenitais, mas nada disso parece ter muito propósito. O maior exemplo disso é a sequência inicial, que apresenta Bangkok através de meia dúzia de planos gerais para, na cena seguinte, os personagens voltarem para a Indonésia, onde o resto do filme se passa.
Outro mérito da produção são seus efeitos práticos e maquiagem, que são grotescos e criam visuais assustadores para os espíritos. Esse esforço, porém, é desperdiçado com a utilização de computação gráfica de qualidade duvidosa e, o mais absurdo, a aplicação de alguns espíritos no cenário através da tela verde que, além de ser mal feita a ponto da proporção do tamanho dos fantasmas não bater com a do fundo, também é inútil, já que não tem motivo para os dublês que interpretam os espíritos não estarem realmente em cena.
De todos os longas distribuídos pela Netflix, “O Terceiro Olho” é o mais “filme B”, já que nem uma produção interessante ele tem. É um longa que não tem muito para oferecer, salvo os seus constantes momentos de humor não-intencional.
https://www.youtube.com/watch?v=VLG1zFY-q3Y
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