No filme “O Advogado do Diabo”, na última frase o “adversário” diz que a vaidade é o seu pecado favorito. É esse exatamente um dos motes principais de “Oppenheimer”, dirigido pelo superlativo Christopher Nolan, em que também o próprio diretor pode ser mencionado, considerando suas mais recentes declarações sobre o que ele pensa em termo de conteúdo cinematográfico e obras realizadas diretamente para streaming.
Voltando exclusivamente ao filme, o Dr. Robert Oppenheimer, defendido com dignidade e eficiência por Cillian Murphy, se vê a princípio como centro das atenções para colocar um ponto final na Segunda Guerra Mundial, deixando um recado às nações inimigas de que em termos de guerra, com os Estados Unidos não se mexe.
Leia Mais: Crítica | Barbie
O filme é um verdadeiro épico americano (no mais abrangente sentido da palavra) que perpassa pela vida, pensamentos e ações de Oppenheimer desde seus tempos de universitário até o célebre e histórico recrutamento para liderança do Projeto Manhatan. Ou seja, é o início da corrida armamentista para construção da primeira e funcional bomba atômica, para utilização e fins militares. Com um óbvio poder de intimidação, Oppenheimer demonstra a forma como ele lidou com as consequências de sua invenção, considerando seu ego no tratamento com políticos, militares, mulheres e companheiros.
Com um grande elenco e a impecabilidade técnica que lhe é peculiar, Nolan no traz uma história não linear, com momentos introspectivos e por vezes subjetivos dos envolvidos, em um show de habilidade cinematográfica como poucos, muito poucos cineastas de hoje possuem. Atenção para direção de arte impecável, os efeitos sonoros hipnotizantes e às vezes apavorantes, e também para grandes interpretações com destaque à Robert Downey Jr., exercitando seus nervos dramáticos como há muito tempo ele não fazia!
Leia Também: Vencedores do Oscar 2024 | Veja quem levou as estatuetas para casa
Porém, à parte a técnica impecável, às vezes o filme parece mais documental do que deveria e percebe-se algumas passagens burocráticas que nos tiram dos momentos cinematográficos que são bens mais inspirados: metáforas que se repetem e a trilha sonora que me soou repetitiva, lembrando muito, e mais do que deveria, a de “Tenet”, do mesmo compositor e filme anterior de Nolan.
Mas desta vez nada de explicações repetidas e exageradas, típicas da filmografia do diretor, pois aqui é utilizado um recurso muito inteligente de complementação de informações, à medida que a corrida contra o tempo e o sucesso do projeto avançam, porque acredito que a maior parte do público que vai assistir ao filme já saiba que, para o melhor ou pior, Oppenheimer e seus companheiros foram bem sucedidos na empreitada.
Compre agora: Echo Show 10: Smart Display HD de 10,1" com movimento e Alexa
A ponto que após o teste, Robert ficou extremamente temeroso pelo potencial destrutivo da nova arma, sendo que outros países também podem utilizar esse dispositivo em suas guerras, e com isso, simplesmente obliterar o mundo, conforme romantizado e demonstrado em diversos filmes (destaco “Dr. Fantástico” de Stanley Kubrick).
Além disso, conforme a história nos mostra, Oppenheimer publicamente manifestou seu remorso, usando a frase Hindu – “Agora me tornei a morte, o destruidor de mundos”. Sim, no plural! Isso demonstra a influência e importância dessa parte da história e o quanto o homem se esforçou para que não fosse repetida.
Portanto, mais um grande filme de Nolan, mas sujeito a críticas como de qualquer outro diretor.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Universal Pictures Brasil
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.