“Os Enforcados” traz a tela as tensões familiares presentes nos comandos dos jogos de azar
Em um contexto parecido com o de 10 anos atrás, Fernando Coimbra volta ao festival do Rio com seu novo filme “Os Enforcados”. Responsável por “O Lobo Atrás da Porta”, ele se junta novamente a Fernanda Leal e trás seu novo longa metragem para a disputa.
No filme, um casal busca sua saída fácil dos negócios da família, o jogo do bicho. Para a infelicidade do casal, seus planos são constantemente barrados por imprevistos inimagináveis. Fortemente pautado na peça de Shakespeare, Macbeth, o longa trás uma reimaginação dos rumos tomados pelas personagens, além de temperar essa narrativa com uma identidade extremamente carioca, passando por quadras de samba e tendo como pano de fundo as montanhas do Rio de Janeiro.
A muito tempo o cinema nacional pede por um filme pautado dentro do misterioso mundo dos jogos de azar que dominam o estado do Rio de Janeiro. E não digo documentários, que já temos em excesso, mas um filme ficcional que utilize do contexto para contar uma história eletrizante. E Fernando Coimbra consegue magistralmente capturar as tensões familiares, as relações dos bicheiros com as escolas de samba, e muitas nuances presentes nesse “ramo” que possui ligações com a milícia, tráfico, e se transveste de contravenção para passar impune pela lei.
Nesse contexto conturbado, temos Valério, sobrinho do atual cabeça da operação. Seu pai comandava os negócios um ano atrás, até que foi “misteriosamente” assasinado. Regina, ambiciosa e extremamente louca, tenta implantar na cabeça do marido cega ambição, enquanto tudo o que ele quer é sair dessa sujeira. Ambos interpretados brilhantemente pela dupla de atores Fernanda Leal e Irandhir Santos, nos entregam interações absurdas desde o primeiro momento do filme, nos deixando incrédulos e absurdados com as decisões de ambos.
Entre contravenções e crimes, o filme se destaca pelo seu humor ácido e sua violência impactante
Em torno dos dois, temos sua casa em reforma. O trabalho de direção de arte idealizado por Tiago Marques e executado pela dupla Caio Costah e Rafael Torah desempenha um papel a parte. A casa se torna um personagem, escondendo segredos e servindo de palco para a trama. E digo quase que de forma literal, quando, na cena final, nos deparamos com um trabalho magistral de direção ao nos apresentar a última cena do longa, abrindo as “cortinas da peça” para o incrível desfecho.
O design de som do filme também é indiscutivelmente brilhante, com o som de obras e até os latidos de um pequeno cachorro. O destaque vai para uma sequência fortemente inspirado nos conto de Edgar Allan Poe, “O Gato Preto”.
Extremamente violento e na mesma dose divertido, o filme é uma obra que se deve, indiscutivelmente, ser prestigiado nos cinemas!
No Instagram e TikTok da Woo!Magazine, temos uma entrevista concedida por Fernando Coimbra falando suas inspirações e expectativas para a recepção do filme, vem conferir!
*Este filme foi assistido durante o Festival do Rio 2024.
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