Como qualquer franquia de terror slasher, “Pânico” ganha mais uma sequência que não aponta para um final tão cedo. “Pânico VI”, o segundo pós Wes Craven, repete praticamente os elementos do roteiro de seu antecessor mas avança na direção, que assusta de verdade e faz uma ode ao gore, sempre usado com muita inteligência. Confira a seguir a crítica com alguns spoilers leves:
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Em 2022, o quinto filme da franquia “Pânico” estreou, onze anos após o aclamado “Pânico IV”. Com a morte de Wes Craven em 2015, a dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett assumiu a direção, e James Vanderbilt e Guy Busick o roteiro. Enquanto os roteiristas acertaram a mão nas referências aos filmes anteriores e no quase reboot da história, a direção fez um trabalho mediano, deixando um longa com cara de filme para a TV.
Novo filme, roteiro repetitivo
Em “Pânico VI”, a situação se inverte. O roteiro é repetitivo, uma reprodução das estratégias usadas no filme anterior. Segue fazendo bastante uso da metalinguagem e das autoreferências, principalmente nos momentos de alívio cômico.
O recomeço das irmãs Carpenters também é o mesmo de vários outros filmes do gênero. Mudam para Nova York (destino de outros assassinos também, como Jason Vorhees) para viver a vida. Enquanto uma irmã tenta seguir em frente, a outra é a paranoica e superprotetora. Além disso, aposta mais uma vez no retorno de personagens queridas, caso de Gale Weathers (Coutney Cox) e Kirby Reed (Hayden Panettiere).
O retorno de Kirby, inclusive, te faz ficar em dúvida sobre quem realmente morreu ou vai morrer nesse longa. Isso pode parecer interessante, mas na verdade é bem cansativo, pelo excesso no uso desse “truque” para agradar o fandom.
Outro ponto que os roteiristas precisam repensar urgentemente, é a ameaça continuar sendo por ligação. Vivemos um tempo em que as pessoas quase não se falam mais. Além disso, os celulares permitem que você saia correndo de onde está e continue falando, ao contrário dos telefones fixos dos anos 1990. O único avanço da história é que ela resolve a questão da habilidade sobrehumana do Ghostface. Não vou dizer como porque aí já é dar muito spoiler.
Direção avança com elenco entrosado
O roteiro repetitivo se salva com a direção. A dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett parece mais confiante, apresenta cenas de deixar qualquer fã de filmes slasher feliz. Ou assustado. Ou agoniado. Eles se permitiram tomadas mais amplas, sem medo de abusar do gore, com mortes a base de muitas facadas e cheias de sangue.
A cena do confronto final chega até ser poética. Se passa num cinema antigo, transformado em uma espécie de museu em homenagem aos assassinos de todos os filmes. Billy Loomis (Skeet Ulrich) fala com a filha e aparece refletido no vidro que expõe sua máscara. Em meio a isso, assassino e vítimas se perseguem, correm, se escondem, se esfaqueiam e tudo mais que sempre acontece num filme slasher. É genial.
No elenco, todo mundo dá show. Melissa Barrera (intérprete de Sam Carpenter) que estava meio apagada no filme anterior, faz um trabalho mais consistente, expressando com mais naturalidade os traumas e as dificuldades de relacionamento com a irmã mais nova. Jenna Ortega (Tara Carpenter) é sem dúvidas a grande estrela do longa, com destaque também para os amigos de Woodsboro Mindy e Chad, interpretados por Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding, e o policial Wayne (Dermot Mulroney). Hayden Panettiere como a agora investigadora Kirby e Courtney Cox retornando como Gale Weathers também não fazem feio.
Ao final, “Pânico VI” é um filme que coloca os filmes de terror de volta ao jogo, ainda que escrito por linhas tortas. A franquia vai continuar e esperamos a mesma brutalidade e sangue, e que a narrativa siga sem que o filme tenha a obrigação de falar o tempo todo sobre si mesmo.
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