Quando alguma exposição de Pablo Picasso é notícia no Brasil, as filas se fazem homéricas, atravessam calçadas e ganham ruas. Fato é que esse grande artista, nascido em Málaga, Espanha e radicado na França boa parte de sua vida, merece todo esse desconforto que passam os seus admiradores e também curiosos de plantão, devido às grandes obras que ele deixou e hoje podemos apreciar.
Aos 10 anos, ele já desenhava e muito cedo começava a demonstrar seus dotes artísticos. Quando rumou a Barcelona, ingressou na Escola de Belas Artes ambientando-se com facilidade no meio artístico, que era todo seu. Pintou as cenas de Cabaret e da vida boêmia que frequentava. Em 1907, pintou “Las Señoritas de Avigñon” desconcertando a todos os seus conhecidos e amigos, mas passou a ter importância somente na história da arte do século XX.
Iniciou o Cubismo em 1937, pintou “El Guernica”, quadro carregado de tragédia e que traduz o horror da questão política dos desaparecidos. O valor expressivo da obra atravessa o tempo. O mural foi adquirido pelo Museu de Arte Moderna de Nova York, devido a situações de guerra na Espanha e, finalmente, retornou à terra natal do artista em 1981.
Em sua extensa atividade alternou obras cubistas com tendências naturistas ao retratar e criar uma série de Arlequins e Pierrots em todos os países em que viveu. Picasso foi pintor, escultor, desenhista, ceramista, figurinista de teatro, dentre outras atividades que realizou. Bom, assim são os gênios? Não sei. Não sabemos. Mas o que realmente é desconhecido do grande público são as suas poesias. Porém, enganam-se os que imaginam algo reto, direto. Alguns de seus poemas entraram em edições de antologias Surrealistas, como por exemplo, “Trozo de Piel”, publicado em 1961, na Espanha. Tempos depois, foi publicada uma edição de seus escritos poéticos na França, uma obra póstuma, intitulada “Picasso Écrits” .
Para o pesquisador Rafael Inglada, um dos grandes nomes que investigam a vida de Picasso, é na Poesia que ele aparece verdadeiramente espanhol, devido às constantes referências as suas raízes como o touro, a gastronomia e a sua cultura em geral. Inglada reuniu 39 poemas inscritos pelo artista entre os anos de 1894 até 1968 com o título “Textos espanhóis”. Na própria Espanha publicaram mais poemas do célebre pintor, desta vez em prosa. Poesias que foram descobertas no final da década de 1980. Incrível! Nestes há certas semelhanças com o cubismo, já que o jogo de palavras se assemelha ao recorte e colagem, e há demasiadas descrições visuais.
Você, amante da Literatura e das artes em geral, o que está esperando para dar sua garimpada mundo afora?
E se estiver interessado em conhecer mais a respeito das relações amorosas, conflitos, compromissos ideológicos, movimentos culturais e artísticos, temas sempre presentes na vida e obra de Picasso; dê uma conferida nesta seleção que separamos especialmente para vocês:
- Picasso e Seus Mestres (Boutan, Mila; Companhia Das Letrinhas)
Para crianças! Neste livro, elas conhecerão aqueles que inspiraram Pablo Picasso e entrarão no processo de montagem e desmontagem de grandes obras-primas com o intuito de recriá-las, por exemplo, “As meninas” de Velázquez. Extremamente produtivo para quem deseja iniciar os menores no impressionante mundo das artes.
- Os Papéis de Picasso (Krauss, Rosalind E.; Iluminuras)
Aqui os autores sugerem um encontro entre o falso e o genuíno a partir da obra do pintor quando revelam o processo criativo de Picasso.
- Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem ( Arruda, Vitoria; Pasinato, Carolina; Instituto Tomie Ohtake)
A partir das coleções do Musée National “Picasso”- Paris, a exposição “Picasso”: Mão Erudita, Olho Selvagem propõe ao público redescobrir a obra picassiana desde a sua criação, produção e concepção.
- Picasso e o Guernica (Edições Sm, Brasil)
Obra de arte monumental que se tornou símbolo e ícone contra a violência política, Guernica, mural que está na capa desta matéria, é a resposta de Picasso para o apavorante bombardeio que detonou a acidade basca Guernica na Guerra Civil Espanhola. O livro nos conta de forma quase didática como se deu o estudo e o trabalho — tela de quase oito metros de comprimento —, situando-a no contexto social da época.
Por Susana Savedra
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