Woody Allen: amar ou odiar?

16 de agosto de 2017
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Difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar em Woody Allen. Seja através de sua extensa filmografia, sua feição bem particular ou até mesmo por seu envolvimento em casos polêmicos, o diretor de cinema é, indiscutivelmente, uma celebridade.

Nascido em 1 de novembro de 1935, Allan Stewart Königsberg teve o início de sua carreira na década de 1950, quando foi contratado como escritor de comédias. Ele redigia roteiros humorísticos tanto para a televisão quanto para livros. No entanto, foi trabalhando com stand-up nos anos de 1960, que a persona Woody Allen surgiu. Suas peças exploravam monólogos, em vez de piadas prontas, comuns na época e em 1964 já tinha alcançado fama como comediante.

Mas seu destino seguiria para o cinema, em 1965, Allen teve seu primeiro contato com a indústria cinematográfica e escreveu e atuou em seu primeira longa “What’s New Pussy?”. Depois disso, ele não parou mais. Seu ritmo de produções é uma de suas características mais aparentes, com cerca de um filme por ano. Muitos criticam essa forma de trabalho pois, apesar de ter sido um dos diretores com mais indicações ao Oscar (23 indicações ao todo), alguns de seus filmes são considerados clássicos, enquanto os outros seriam somente uma forma de manter o nome do diretor em pauta, e não teriam conteúdo, atuação e roteiro tão bem avaliados.

Suas obras-primas, sem dúvidas, são da década de 1970. Seus filmes sofreram uma mudança de foco no fim dos anos de 1960, a comédia ficou um pouco deixada de lado para dar mais valor ao drama, mas sem perder a ironia ácida que continua arrancando boas risadas até hoje. Seu primeiro filme de grande sucesso foi “Annie Hall” ou também “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” realizado em 1977, que conseguiu três Oscars, incluindo melhor filme, melhor roteiro e melhor atriz para a parceira de muitas produções (e de um affair) Diane Keaton

Responsável por retratar de forma poética a cidade de Nova York, seus filmes não são compostos por altas aventuras e romances tórridos, mas mostram como o cotidiano pode ser tão interessante quanto. Woody Allen criou uma das personalidades mais individuais do cinema, a figura do homem judeu, neurótico, sensível, desiludido e que vivencia inúmeras situações de infidelidade, está sempre presente em seus filmes. Esse personagem virou algo tão essencial em seus roteiros que, agora que Woody Allen não atua mais tanto em seus próprios filmes, alguns atores já arriscaram assumir esse papel tão específico. Alguns até obtiveram sucesso, como foi o caso de Owen Wilson, no lindo “Meia-noite em Paris”, mas o mesmo não pode ser dito para o também talentoso Jesse Eisenberg, que não convenceu muito em seu papel no filme “Café Society”.

Mas é impossível falar de Woody Allen e não lembrar de seu envolvimento com situações bem polêmicas. Quando Allen chegou ao topo de sua notoriedade, ele já havia se divorciado duas vezes e a partir disso teve alguns relacionamentos com atrizes famosas, muitas atuaram em seus longas. Mas foi com Mia Farrow, atriz de “The Purple Rose of Cairo” e “Hannah and her sisters” que o diretor resolveu se firmar. Até que por volta do ano de 1992, o cineasta começou a se relacionar com Soon Yi, a filha adotiva de Mia Farrow com o antigo marido André Previn. Esse término foi um dos mais comentados e repercutidos na imprensa e se desenrolou em outras acusações. Após o divórcio, uma carta de Dylan Allen, outra filha adotiva de Mia Farrow dessa vez com o diretor, veio a público acusando o pai de tê-la abusado sexualmente, aos 7 anos. 

Woody Allen foi absolvido pela corte americana em 1993, depois de terem sido realizados testes que afirmavam que Dylan não tinha sido abusada pelo pai. Mas as denúncias pesaram em sua reputação e muitos fãs se viram duvidosos em continuar admiradores do trabalho de Allen. O cineasta não é o primeiro a ter seu nome envolvido com situações ruins e esse debate continua sendo algo recorrente nos dias de hoje. Uma questão que deve ser levada em conta é que a obra de um artista deve ser avaliada como parte individual e não como algo que carregue qualquer atitude pessoal do realizador. As atitudes das pessoas são involuntariamente passíveis de críticas e acusações pois vivemos em uma sociedade que julga a todo momento, mas talvez seja preciso separar o real da ficção e não deixar de apreciar, no caso, um bom filme.


Por Manuella Neiva

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