As certezas de sucesso que não se concretizaram
É comum na indústria do disco: um artista que vendeu milhões de cópias e encheu os cofres das gravadoras anuncia que está preparando um novo trabalho. Naturalmente isso gera uma grande expectativa, que cresce ainda mais se é anunciada de antemão uma mudança de estilo ou se o álbum leva mais tempo do que o normal para sair. Abaixo você confere 10 exemplos de álbuns cercados de muito hype, mas que decepcionaram nas vendas.
Mariah Carey — “Glitter” (2001)
Mariah Carey desfrutou de uma década de sucesso opulento com sua incrível amplitude vocal, habilidades de composição e boa aparência, vendendo regularmente mais de dez milhões de álbuns em todo o mundo. No entanto, sua carreira sofreu um acentuado declínio com o lançamento do filme “Glitter” e sua trilha sonora. Apesar da expectativa em torno do filme, o single principal, “Loverboy”, atingiu apenas a posição #2 nas paradas, quebrando sua sequência de singles em #1. Os ataques de 11 de setembro atrasaram ainda mais o lançamento do filme, sinalizando um colapso em sua carreira. Seu primeiro álbum sob uma nova gravadora, a Virgin, teve um desempenho abaixo do esperado devido à escolha de músicas fracas. “Glitter” recebeu críticas severas e foi considerado um dos piores filmes já feitos. Seu álbum subsequente, “Charmbracelet”, também teve dificuldades. No entanto, seu lançamento de 2005, “The Emancipation of Mimi”, revitalizou sua carreira, permitindo que ela olhasse para a era “Glitter” com bom humor.
Kanye West — “Donda 2” (2022)
Nem sempre um álbum precisa ter um desempenho ruim nas paradas para ser considerado um fracasso. O que ocorreu com Kanye West quando lançou “Donda 2” serve de exemplo. Desde seu álbum de 2016, “The Life of Pablo”, a música de Kanye tem sido inconsistente, muitas vezes ofuscada por suas ações polêmicas e comportamento errático. Embora “Donda” de 2021 tenha gerado alguma esperança, sua sequência soou inacabada e foi lançada de forma incomum por meio de um dispositivo de mixagem. As críticas foram severas, comparando o álbum a “rascunhos”. Uma série documental da Netflix reacendeu o interesse pelos primeiros trabalhos de Kanye, tornando “Donda 2” ainda mais decepcionante. Não é de se estranhar que não haja um “Donda 3” em andamento.
Britney Spears — “Britney Jean” (2013)
Após seu colapso público em 2007, a carreira de Britney Spears começou a enfrentar desafios. Enquanto suas músicas durante esse período, como “Blackout” de 2007 e “Circus” de 2008, foram consideradas boas, o álbum “Britney Jean” marcou um declínio. Embora seu single de prévia, “Work B****”, tenha sido bem recebido, foi seu primeiro single principal a não entrar no Top 10 dos EUA desde 2003. “Britney Jean” teve produções pouco imaginativas, muitas músicas de will.i.am e faixas que pareciam imitações de seus sucessos anteriores. O álbum atraiu apenas seus fãs mais dedicados e foi o primeiro de sua carreira a não receber certificação de platina. As dificuldades comerciais e artísticas desse período podem ser atribuídas mais aos responsáveis por sua gestão do que a Britney Spears, especialmente considerando o contexto da conservadoria que mais tarde veio à tona.
Katy Perry — “Witness” (2017)
Após dez anos de sucesso, a cantora californiana enfrentou um fracasso com o álbum “Witness”. Ao tentar criar um álbum de “pop com propósito” após as eleições presidenciais de 2016, Perry desviou sua direção musical, resultando em músicas no mínimo estranhas e letras bem fraquinhas. Seus singles subsequentes, como “Bon Appétit” e “Swish Swish”, esse que teve a participação da nossa Gretchen no clipe, não tiveram impacto. Embora “Chained to the Rhythm” tenha chegado ao Top 5 devido à expectativa, as outras músicas não foram bem-sucedidas. Mesmo com seu retorno ao estilo pop alegre em “Smile” em 2020, o dano já estava feito, e sua carreira musical foi substituída principalmente por sua participação como jurada no programa “American Idol”.
Guns N’ Roses — “Chinese Democracy” (2008)
O álbum “Chinese Democracy” do Guns N’ Roses, lançado há mais de uma década, é mais lembrado como uma piada do que como um álbum sério. As sessões de gravação para o álbum começaram em 1998 e só foram concluídas em 2007, com muitos membros originais da banda substituídos. Embora o líder Axl Rose seja um perfeccionista, os mais de 13 milhões de dólares gastos em mais de uma década de produção não resultaram no nível esperado de perfeição em estúdio. O álbum não chegou a ser um desastre comercial, mas não correspondeu às expectativas. Estreou em terceiro lugar nas paradas, enquanto outras bandas, como o AC/DC, alcançaram vendas muito superiores com álbuns lançados na mesma época.
U2 — “Pop” (1997)
Depois de “The Joshua Tree” em 1987, que os consolidou como a Maior Banda do Mundo. No entanto, nos anos 90, com a ascensão do grunge, transformando gêneros “inautênticos”, como o hair metal. Felizmente para o U2, sua música estava seguindo uma direção contrária. “Achtung Baby” de 1991 combinou rock com elementos eletrônicos, mantendo a identidade do U2. Alguns fãs hardcore torceram o nariz, mas Bono e companhia encontraram uma nova audiência com essa sonoridade, e continuaram em “Zooropa” de 1993, na época subestimado, mas hoje um dos mais aclamados da discografia do quarteto irlandês. Já “Pop” foi criticado logo no primeiro single, “Discothèque”, foi criticado como bobagem dançante. Embora o álbum não soe tão comercial como o título sugere, não pôde conter a má vontade dos fãs, e o álbum permanece como um dos menos populares da banda. A turnê “PopMart” até foi lucrativa, mas o álbum em si vendeu muito menos do que a banda era capaz em sua época de ouro. Por isso, em 2000, “All That You Can’t Leave Behind” corrigiu o rumo, abandonando totalmente a ideia de música dançante.
Blur — “Think Tank” (2003)
Depois que o Blur ajudou a definir o som do Britpop moderno em seu álbum seminal de 1994, “Parklife”, a rivalidade alimentada pela imprensa com o Oasis tornou a banda relutante em se tornar superestrela. Como resultado, seus álbuns subsequentes se afastaram dos padrões comerciais familiares. Após o surpreendente sucesso do cantor Damon Albarn com o grupo de hip-hop alternativo animado Gorillaz, ele quis levar muito desse experimentalismo para o Blur, o que desagradou o guitarrista Graham Coxon, que deixou a banda, tocando apenas na última faixa, “Battery in Your Leg”. Daí, “Think Tank”, seguindo esse caminho sonoro, acabou não tendo impacto, e a sequência de álbuns de platina no Reino Unido da banda acabou abruptamente. Com a banda tendo que contratar vários guitarristas para substituir o som que Coxon sozinho podia fazer durante os shows ao vivo, fãs e críticos apontaram rapidamente o quão desalinhado o Blur estava sem seu guitarrista fundador. Era o início do fim. A banda entrou em hibernação, mas felizmente se reuniu vários anos depois para uma série de grandes shows ao vivo e até conseguiu lançar um novo álbum em 2015, bom, mesmo que não essencial. Em 2023 lançou mais um que parece ter conquistado público e crítica
Chris Cornell — “Scream” (2009)
Chris Cornell, conhecido por liderar bandas como Soundgarden, Audioslave e Temple of the Dog, também teve uma carreira solo bem-sucedida. No entanto, em 2009, surpreendeu a todos ao colaborar com o produtor de hip-hop Timbaland em um álbum chamado “Scream”. Essa parceria incomum resultou em um álbum que soava exatamente como se esperava, com a poderosa voz de Cornell misturada a sintetizadores e sons de guitarra típicos dos anos 2000. As músicas pareciam carentes de emoção, e mesmo as composições menos inspiradas do Audioslave pelo menos contavam com a voz expressiva de Cornell como ponto de referência. O single “Part of Me”, com letras misóginas, conseguiu levar o álbum ao décimo lugar nas paradas dos EUA, mas críticos e fãs o criticaram, fazendo o álbum desaparecer rapidamente das paradas. Hoje, é visto como uma curiosidade na cultura pop, mas não como o melhor trabalho de Cornell, que faleceu mais tarde.
Lorde — “Solar Power” (2021)
Após os sucessos de “Pure Heroine” em 2013 e “Melodrama” em 2017, Lorde estava em posição de liberdade criativa, mas seu álbum “Solar Power” surpreendeu muitos. O álbum, que trouxe músicas acústicas descontraídas, foi uma mudança drástica em relação ao seu estilo pop dramático com piano. Enquanto alguns fãs defendem essa nova direção mais tranquila e ensolarada, outros consideraram o álbum um tropeço, já que ele não alcançou o mesmo impacto. Os singles de “Solar Power” não tiveram o mesmo sucesso que os de seus álbuns anteriores, e o álbum teve um desempenho abaixo do esperado nas paradas. Embora Jack Antonoff tenha sido seu colaborador nos últimos álbuns, alguns sugeriram que Lorde deveria considerar trabalhar com outros produtores no futuro.
Madonna — “American Life” (2003)
Madonna é conhecida por sua habilidade de se reinventar musicalmente ao longo de sua carreira. Seu álbum “Ray of Light” de 1998 marcou uma mudança para a música eletrônica e foi muito elogiado. “Music” de 2000 também foi um sucesso, atraindo uma nova audiência. No entanto, após a guerra no Iraque, Madonna tentou abordar questões políticas em seu álbum “American Life”, mas não foi bem recebida, com o single principal, “American Life”, sendo retirado devido à sua controvérsia. O segundo single, “Hollywood”, também teve um desempenho fraco nas paradas. O álbum foi criticado e teve vendas mais baixas em comparação com seus trabalhos anteriores. No entanto, Madonna recuperou sua carreira com o álbum “Confessions on a Dance Floor” de 2005.
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