Quando fomos grandes (e relevantes) no Oscar
Oscar, uma premiação quase centenária, que está na sua 96ª edição, já teve filmes brasileiros concorrendo ao prêmio mais cobiçado do Cinema.
São poucos, mas à época fizeram história e até hoje se tornaram paradigmas do Cinema “tipo exportação” e cada um a seu modo, traz um pouco da nossa Cultura, exportando pontos de vista e nossa forma de viver no Brasil.
Ainda não ganhamos, mas segue o registro da história do Cinema Brasileiro nesse prêmio internacional.
O Pagador de Promessas (1962)
Produção clássica, vencedor da Palma de Ouro em Cannes de 1962, baseada na peça teatral escrita por Dias Gomes, e dirigida por Anselmo Duarte com Leonardo Villar como ator principal, além de Glória Menezes, Geraldo Del Rey e Dionísio Azevedo.
A história é sobre o personagem de Zé do burro e seu asno que foi atingido por um raio.
Prestes a perder o animal, Zé do Burro vai a um terreiro de candomblé e faz uma promessa para Santa Bárbara para que ela cure o animal.
Como o burro melhorou, segue em busca de pagar essa promessa, levando uma pesada cruz de madeira por 42 quilômetros da sua cidade até a igreja de Santa Bárbara, em Salvador.
Por sua ingenuidade, acaba em uma odisseia sofrida, que traz conflitos sérios até hoje, demonstrado por diversos personagens desde aproveitadores dele, da esposa e da religião em geral no nosso país de dimensões continentais.
Leia também: Quais foram os esnobados do Oscar 2024?
O Quatrilho (1995)
Após mais de 30 anos, esse filme do proeminente cineasta nacional, Fábio Barreto, concorreu ao Oscar com uma história de amor no século passado, situada no Rio Grande do Sul por volta de 1900, onde dois casais convivem em uma mesma casa, em uma comunidade rural da Serra Gaúcha.
Tudo segue normalmente na rotina do campo e na labuta, até que a esposa de um se apaixona pelo marido da outra, e como é correspondida, os dois decidem fugir, deixando para trás seus respectivos parceiros para sofrerem as consequências dessa decisão, considerando o contexto histórico e dos costumes da época.
Há no Youtube e vale a pena busca, a fala carregada de sotaque do ator Mel Gibson, apresentador no momento do prêmio, que claro, achou o nome e a pronúncia “engraçada”, lembrando que esse foi o ano e a noite da sua coroação e premiação do seu “Coração Valente“.
O Que É Isso, Companheiro (1997)
Poucos anos depois, logo 1998, houve uma produção nova brasileira a concorrer por um filme, baseado na obra literária de Fernando Gabeira, hoje, prolífico comentador de política na Globonews, que concorreu ao Oscar de Filme Internacional.
Filme dirigido por Bruno Barreto, também proeminente na produção cinematográfica brasileira, conta com um grande e destacado elenco com nomes que até hoje, contam com o prestígio e admiração de muitos brasileiros pelas carreiras que construíram: Selton Mello, Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Cláudia Abreu, Alessandra Negrini, Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, entre muitos outros que também se tornaram proeminentes.
Baseado em fatos reais, conta a história do próprio Gabeira e seu amigo César que após a publicação do AI-5, normativa com poder de lei nos tempos da ditadura, se juntam à luta no grupo de guerrilheiros de esquerda MR-8.
Porém, quando um dos dois é capturado em uma ação, os integrantes do grupo, planejam em setembro de 1969, o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, que está no Brasil, para negociar a liberdade do seu amigo assim como dos demais integrantes que também estão cativos.
Central do Brasil (1998)
No ano seguinte outro filme brasileiro concorreu ao Oscar de Melhor Filme Internacional, além da indicação de Melhor Atriz para a grande Fernanda Montenegro.
O longa foi dirigido por Walter Salles, que depois desse filme, realizou trabalhos interessantes nos Estados Unidos, também contou com um elenco de notáveis: Marília Pêra, Soia Lira e Matheus Nachtergaele.
Filme sensível em que a personagem Dora, vive de escrever cartas às famílias de pessoas analfabetas, porém ela nunca as coloca no correio.
Por uma tragédia, sua vida muda e se envolve com o menino Josué, filho de uma das suas clientes com quem a contragosto, viaja de trem pelos trilhos da Central do Brasil, tentando entregá-lo ao pai no interior do Nordeste brasileiro.
Esse é polêmico Oscar em que nos tempos áureos do outrora poderoso Harvey Weinstein, hoje condenado por diversas denúncias de assédio a atrizes, comandava as premiações com o chamado lobby pesado na indústria, que explica de forma bastante didática, um filme como “Shakespeare Apaixonado“, ser vencedor em um ano que Steven Spielberg apresentava “O Resgate do Soldado Ryan“.
Como não pensar a respeito do Oscar de interpretação feminina entregue para Gwyneth Paltrow pelo mesmo “Shakespeare Apaixonado”, com interpretações tão poderosas e complexas de Cate Blanchet em Elizabeth e da própria Fernanda Montenegro?
Cidade de Deus (2002)
Concorrendo em 2004, o filme que literalmente fez história, a ponto do próprio Steven Spielberg questionar surpreendido aos membros da equipe, sobre como algumas cenas foram filmadas e que se fosse por ele, precisaria gastar milhões de dólares em efeitos!
Um triunfo cinematográfico assim como os anteriores na lista, que recebeu indicações ao Oscars de Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem, mas infelizmente, não foi premiado em nenhuma categoria.
Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, a saga épica de Buscapé e Dadinho, dois jovens que não podiam ser mais diferentes, moradores da comunidade em construção, “Cidade de Deus“, que se tornou uma das mais perigosas do Rio de Janeiro, se encontram e lutam cada um a sua forma para sobreviverem.
Além dos personagens, há falas e cenas icônicas que até hoje, faz parte do cotidiano do brasileiro e elevou a outro patamar a filmografia de Fernando Meireles e da percepção do cinema no país.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.