Ícone do rock brasileiro faleceu na terça-feira
Erasmo Carlos nos deixou na última terça-feira (22 de novembro). Aos 81 anos, pode-se dizer que não foi apenas uma perda pelo que ele significou, pela obra que deixou. O Tremendão, que deixou mais de 500 músicas, encontrava-se em um período profícuo, experimentando um revigoramento de sua carreira.
A paixão de Erasmo pelo Rock N’ Roll se iniciou em 1957, quando Bill Halley e seus Cometas se apresentaram no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Ali ele tinha a certeza de que era aquilo que queria para sua vida.
Integrante da mítica Turma do Matoso, esteve envolvido com a gênese da Jovem Guarda: The Snakes, The Sputniks (que contava com Roberto Carlos e Tim Maia) e Os Terríveis. Essa turma levava o nome da rua localizada na Tijuca, bairro da zona norte carioca. A amizade com Roberto surgiu porque o futuro Rei procurava a letra de ‘Hound Dog’, sucesso na voz de Elvis Presley. Nascia dali uma das mais longevas parcerias musicais da história da música.
Com Tim Maia ele aprendeu os três acordes no violão que lhe permitiriam tocar rock. Com Roberto aprendeu a batida.
Nos anos da Jovem Guarda assinaram juntos sucessos como ‘Minha Fama de Mau’, ‘Quero que tudo vá para o inferno’, ‘Festa de Arromba’, além de baladinhas como ‘Gatinha Manhosa’ e ‘Devolva-Me’. Tratava-se de um programa de televisão que trazia jovens artistas e lançava modismos entre a juventude brasileira, mais precisamente entre 1965 e 1968.
O fim do programa e o avanço do Tropicalismo fez Erasmo temer pelo futuro de sua carreira. Mas o apoio do amigo Roberto o inspirou a escrever um de seus maiores sucessos, ‘Sentado à Beira do Caminho’, de 1968.
Foram vários sucessos nos anos 1970, uma fase cheia de hits na primeira metade dos anos 80 – entre eles ‘Mulher’, ‘Pega na Mentira’, ‘Mesmo que Seja Eu’ e ‘Close’, em que exaltava a beleza de uma mulher trans, Roberta Close, algo bastante controverso para a época.
Após um período de produtividade na década de 90, voltou a fazer as pazes com o mercado em 2001, com o álbum “Pra Falar de Amor”. Começava aí seu renascimento artístico, que teria o ápice na trilogia formada pelos álbuns “Rock N’ Roll” (2014), “Sexo” (2011) e “…Amor é Isso” (2018).
Erasmo fez questão de se cercar de artistas das gerações mais novas, como Carlinhos Brown, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, o rapper Emicida. E a banda que acompanhava o Tremendão nos últimos anos era os Filhos da Judith.
Sua alcunha de Gigante Gentil (que deu nome ao disco de 2014) era confirmada por todos que o conhecia. Sua generosidade era de conhecimento geral no meio artístico.
Em sua conta no Instagram, o guitarrista da banda de Erasmo, Luiz Lopez, agradeceu a oportunidade de forma comovente e sintetizou em sua postagem o sentimento de todos os que conviveram com o artista.
O último disco de Erasmo Carlos foi O Futuro Pertence à Jovem Guarda, que traz versões de clássicos da Jovem Guarda com nova roupagem, e ganhou o Grammy Latino na categoria Rock. O Gigante já faz muita falta para a música brasileira.
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