Atores e atrizes vez por outras se aventuram na direção…
Migrar da frente para trás das câmeras é uma prática recorrente em Hollywood, adotada por mestres como Clint Eastwood (há décadas ainda lançando ótimos filmes), passando pelo já experiente Bradley Cooper (“Nasce Uma Estrela” de 2018, “Maestro” de 2023 e um terceiro a caminho), até novos talentos como Brady Corbet do celebrado “O Brutalista”. Há ainda atrizes com suas obras marcadas por sucessos de público, crítica e aclamações como Greta Gerwig do megahit “Barbie” e na futura série baseada nos livros “As Crônicas de Nárnia”, bem como estrelas da grandeza de Jodie Foster e Angelina Jolie.
Pois agora é a vez de Scarlett Johansson, estrela dos filmes da Marvel Studios como a heroína Viúva Negra, estrear na direção com o filme “A Incrível Eleanor”, que é uma história de contornos singelos e emocionantes sobre a senhora do título, que, após perder sua amiga e colega de quarto depois de onze anos de convivência, vai da Flórida a Nova York reencontrar a filha com quem não se relaciona, e com seu neto, desconectado da realidade para prestar muita atenção na avó (até certo ponto).
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Mas é na ligação e amizade com uma jovem interpretada pela sublime Erin Kellyman como a jovem estudante de jornalismo Nina, também sofrendo um processo de luto onde falta apoio do seu pai ausente (Chiwetel Ejiofor, também integrante dos filmes da Marvel como o feiticeiro Karl Mordo) que o filme deslancha, pois na solidão da cidade grande e “empurrada” por sua filha a se matricular em algum curso na igreja local, a sarcástica Eleanor acaba encontrando um grupo de apoio de sobreviventes do holocausto aos quais começa emocionadamente a contar uma história de sobrevivência que comove a todos e a eleva a celebridade local, só que…
A história não é dela, que nasceu nos Estados Unidos e nunca saiu do país, e sim de Bessie, sua querida amiga falecida, em um comovente registro da atriz Rita Zohar.
Em algumas noites, assolada pelos terríveis pesadelos do holocausto, Bessie acordava de madruga e contava a sua amiga Eleanor toda as tragédias que ocorreram na sua vida e de seus familiares no terrível período da Segunda Guerra Mundial.
Sem ninguém com quem realmente se conecte e saudosa da sua grande amiga, a princípio Eleanor conta a história não no sentido de se apropriar, mas como o filme deixa claro, prestar uma homenagem final a Bessie que a deixou tão de repente.

Mas claro, uma mentira ainda é uma mentira e posteriormente terá suas consequências de formas até previsíveis e supreendentemente novelescas nem tanto no bom sentido, mas que avançam a história que pelas interpretações principalmente da incrível, sem trocadilhos, June Squibb como a irascível Eleanor, que transborda alegria e disposição para despejar em uma personagem que não tem a intenção de se render nem quando enfrentas os mais desagradáveis desafios.
Sem fazer graça com a idade da personagem que seria muito fácil e medíocre, a estreante Scarlett Johansson pontua a obra com alguns momentos delicados que podem fazer chorar os mais sensíveis, que sentem ou já sentiram o luto por alguém querido.
Porém em termos de direção, Scarlet para por aí… Sua câmera é quase sempre estática e os enquadramentos bem comuns.
Claro que uma estreia não necessita de malabarismos, exibicionismos ou extravagâncias, mas a história poderia e muito se beneficiar de algo que fosse um pouco mais dinâmico do que uma filmagem quadrada e com soluções tão fáceis e novelescas do roteiro.
Mas com o trunfo das interpretações da veterana June e da novata Erin em uma dinâmica que às vezes lembra divertidamente “Up: Altas Aventuras” da Pixar, o filme traz diversão e conforto na medida em uma obra despretensiosa, mas agradável aos sentidos.
Um bom começo para a diretora estreante, que espero tenha outras chances para expandir seu talento do lado de trás das câmeras.
Este filme foi visto durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
“A Incrível Eleanor”. Imagem Destacada: Divulgação/Sony Pictures

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