Sucesso no Brasil, “Os Cavaleiros do Zodiáco” virou uma grande febre nos anos 90
Na nossa última coluna de animes clássicos revisitamos “Elfen Lied“, nada mais justo do que reverenciar o grande ícone dos anos 80 (ou 90, no Brasil) dos shounen de porradaria. “Saint Seiya”, ou “Os Cavaleiros do Zodíaco”, é o nosso clássico da semana, e vamos falar um pouco sobre seu percurso narrativo
Abrace o cosmo de seu coração
O planeta Terra é guardado pela deusa da sabedoria, Atena, que está destinada a viver um ciclo sem fim de reencarnações, a cada 200 anos, pela defesa da humanidade. Na atual vinda como mortal, Atena é Saori Kido, e seu atual nascimento é o presságio de que uma grande guerra está para acontecer.
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Parlamentada pelo seu esquadrão de guerreiros, os cavaleiros de bronze, prata, e ouro, o treinamento da próxima geração de garotos não pode parar, pois um terrível mal espreita. Na história, o jovem Seiya de apenas 13 anos é treinado pela amazona Marin, e está para disputar uma luta que decidirá se ele ficará com a armadura de Pégaso.
Tendo vencido, a única coisa que o garoto tem em mente é rever sua irmã que não vê desde que iniciou seu treinamento no Santuário. Não é preciso dizer que isso não acontece, e antes que tenha sucesso na sua incursão pelo Japão a procura de Seika, Saori promete que dará um jeito de encontrá-la se Seiya participar no torneio da Guerra Galática, onde outros garotos de sua idade também foram enviados.
Entre indas e vindas, o público é apresentado ao temível Saga de Gêmeos, cavaleiro de ouro que decide se voltar contra Atena por poder, causando-lhe mal e obrigando que os protagonistas passem pelas 12 casas do Zodíaco, derrotando seus guardiões, para salvar a deusa de uma flecha atirada pelo cavaleiro traidor.
Pela glória de Atena
Seiya, Ikki, Shun, Shiryu, Hyoga. A começar pelo quinteto de protagonistas, não dá para varrer para debaixo do tapete a influência que esse título possui no imaginário coletivo de animes dos anos 80; pensar nos visuais de “Saint Seiya” é uma viagem no tempo, e o oposto também é verdade: afinal, a obra é um ícone de sua década.
Já falamos anteriormente como Hyoga possui inspirações na emblemática Lady Oscar, de “A Rosa de Versalhes“ (1972). “Os Cavaleiros do Zodíaco” (1986) pode não ter inventado a roda, mas sumariza estética e narrativamente o espírito do seu tempo. Desde 2012 para cá a tônica é a dos isekai, nos anos 80 não havia nada mais em alta do que adolescentes trocando pancadaria de fazer as mães mais carolas tremerem.
É também por volta desse período que as coisas também começam a tomar outros rumos — não necessariamente linear — protagonistas hipermasculinos como os de “Hokuto no Ken” (1983) e “Dragon Ball” (1984) ainda iriam ser muito populares, vide “JoJo’s Bizarre Adventures” (1987), mas essa nova onda de personagens no estilo bishounen, quando não de uma beleza andrógina, mexeria com o paradigma de herói a ser seguido na cultura pop japonesa.
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“Inuyasha” (1996), “Naruto” (1997), e até “Boku no Hero Academia” (2014) fazem parte dessa transformação que se volta para a democratização da demografia. Quando nos atentamos, porém, a trama, Saint Seiya já não parece ter envelhecido tão bem — e isso não quer dizer que exista algo de errado com o design de personagens anteriores a “SS”! — sobretudo em comparação com outros de lançamento próximo.
Com uma trama super formulaica, de fazer Hiro Mashima de “Fairy Tail” parecer Shakespeare, é relativamente mais difícil acompanhar o ritmo dos acontecimentos. Lançado quase que simultaneamente com o mangá, “Saint Seiya” precisou lançar se lançar de alguns fillers, a dizer o Arco de Asgard, que estão longe de ser o problema, para ajeitar o ritmo e não ultrapassar o mangá.
Com determinados inimigos que parecem impossíveis de serem vencidos com o atual nível de poder, lutas que divertem, mas se arrastam, e que ao fim do dia terminam da mesma forma: o poder do cosmo magicamente é elevado para mostrar que não existe nada maior que o poder da amizade e a conveniência do protagonismo.
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Trazendo momentos com um quê de memorável na Poseidon, “SS” perde sua força após o Santuário, ainda que mantenha a essência de seu fio condutor, a Marina de Poseidon não é tão deslumbrante como o respeito que os 12 Santos de Ouro colocam; o que confere uma sensação de poderia-ter-sido-mais — isto é, se uma mudança narrativa ocorresse após a saga do Zodíaco.
Não possuindo um legado tão memorável no Japão quanto possui na América, sobretudo América Latina, somando todas as adaptações da franquia tem-se quase 300 episódios, embora essa review se dedique especificamente à fase clássica da saga. Com figures, live action, adaptação ocidental animada, remake, filmes diretos, “Saint Seiya” é um influente símbolo de uma fase da indústria, mas não o ajuda a sustentar-se atualmente sem apelar para a nostalgia.
Imagem Destacada: Divulgação/Crunchyroll
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