Intimista e ao mesmo tempo abrangente, o documentário “Ary” traz pensamentos do gênio musical
Há diversas formas de se realizar um documentário ainda mais quando trata da carreira de uma lenda da música, que além do que toca, pode-se optar por um período específico ou de uma forma mais abrangente, a vida da pessoa retratada que no caso é o compositor mineiro Ary Barroso.
E “Ary”, do diretor e roteirista André Weller, tenta fazer as duas coisas ao mesmo tempo escolhendo a trajetória do compositor e maestro desde a vinda do interior de Minas Gerais até o Rio de Janeiro na época capital do país, e que marcou para sempre a música popular brasileira e do mundo, tendo composto “Aquarela do Brasil”, uma das composições mais celebradas no mundo quando se pensa no país e um dos nosso hinos nacionais não oficiais, mas reconhecível por milhões de brasileiros.
Além, claro, de outros clássicos como “No Rancho Fundo” (não é de Chitãzinho e Xororó, assim como “Evidências” também não é), “No Tabuleiro da Baiana” (imortalizada na voz de Carmem Miranda, ao qual o músico faz observações divertidas sobre a plástica que ela fez no nariz ao atuar em filmes nos Estados Unidos), “Na Baixa do Sapateiro” entre outras canções.
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Conforme o documentário avança, vamos conhecendo detalhes da vida de Ary Barroso como quando criança, a obrigatoriedade de uma tia a lhe ensinar piano de forma enérgica e o castigando com uma vara de marmelo pelos erros, até decidir estudar música no Rio de Janeiro, a se aventurar pela noite carioca como músico de palcos diversos e tudo isso com um trunfo indispensável, a voz do grande ator Lima Duarte de personagens emblemáticos da teledramaturgia nacional como Sassá Mutema da novela “O Salvador da Pátria” e o inesquecível Sinhozinho Malta de “Roque Santeiro” e outros mais.
Sem Lima Duarte, grande ator dono de uma voz grave, timbre marcante e talento inacreditável para criar modulações de tons que exibem surpresa, maravilhamento e um jeito jocoso de se pronunciar, o documentário não seria o mesmo.
E esse é um dos grandes trunfos do roteirista e diretor André Weller, que além do incrível casting conta com pequenas participações de Dira Paes, Stepan Nercessian e Leo Jaime, tem imagens inéditas do músico, dos amigos (entre alguns famosos compositores nacionais) e familiares disponibilizadas pelo acervo da filha do cantor e que mostram um pouco mais do cotidiano de Ary, inclusive em sua aventura como contratado da Disney!
Sim, pois com o sucesso mundial de Aquarela do Brasil, que o narrador informa ter sido composta em 10 minutos(!), o próprio Walt Disney o contratou como maestro para compor a trilha sonora do filme “Você Já Foi à Bahia?” aquele que o Pato Donald e o papagaio brasileiro Zé Carioca protagonizam — não sem tecer alguns comentários elogiosos, mas às vezes irônicos, do modo de vida americano.
Adepto do Carnaval carioca, compôs marchinhas premiadas, além de tecer comentários de como via essa festa tão popular no país.
Prolífico, teve um programa de televisão e ainda o que começou no improviso, até narrou jogos de futebol que serviu para consagrá-lo como um dos mais populares artistas do seu tempo.
Coube no filme até comentários irônicos sobre seu pós morte, que confirma mais uma vez o controle da produção do diretor André Weller que inclusive performa ele mesmo inserções musicais no piano do próprio Ary Barroso, um instrumento histórico.
A grande maioria das observações são feitas pelo narrador fazendo às vezes do compositor que embora dê o nome ao filme, há falta algum contraditório ou de outras opiniões sobre a obra do artista, então o filme envolve e engaja, mas ao mesmo tempo é incompleto tthaja vista a complexidade de uma vida como do migrante mineiro Ary Barroso, que foi fazer sua história no território carioca.
Porém, pela abordagem diferenciada da dublagem por um grande ator e imagens inéditas do artista, vale muito a pena conhecer essa figura histórica que faz parte da expansão da música brasileira no mundo e claro que uma vida como a dele merece e outros registros mais para abranger sua genialidade.
Este filme foi visto durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Imagem Destacada: Divulgação/49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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