Fazendo parte da Mostra de Filmes Incríveis no complexo do REAG Belas Artes, Café Teerã, traz a difícil vida de um cineasta, o iraniano Sohrab, que pelas convenções do governo de seu país, está sob investigação de subversão e por isso, está trabalhando e cuidando de um Café do seu cunhado.
Entre interrogatórios semanais, onde seu interlocutor não tem rosto e sua rotina de comunicações pelo celular com sua esposa que longe e estudando, conhece uma jovem artista de teatro que solicita o espaço do café para realizar performances experimentais e possivelmente consideradas contraventoras ao regime do Irã.
Inteligente, sensível e irônico, Sohrab começa a interagir com a jovem e passa os dias discutindo sobre filmes de diretores, dos quais mantém fotos nas paredes do café enquanto aguarda a avaliação final que decidirá sobre sua sentença ou pelo regime.
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O filme é direto ao trazer as idiossincrasias do artista retratando suas angústias, especialmente quando em sua residência, ele se depara com um objeto de certa forma perturbador dentro de um frasco que ao mesmo tempo lhe faz companhia, ouve seus devaneios e serve de motivo para se distanciar de sua zelosa esposa, Mahgol.
E é principalmente na cinematografia de Krzysztof Kieślowski, que reside o estudo da psique do protagonista, sobre a preocupação moral dos costumes de um país regido por leis arcaicas, o movimento realista que trata das questões sociais e temas morais complexos que percorre e são caros à obra do cineasta polonês.
A cinematografia com cores pálidas, translúcidas, exibe o estado de espírito de Sohrab o personagem principal, bem como sua relação com toda as pessoas em seu entorno, desde sua esposa, seu advogado, seu pai (protagonista de um dos seus filmes que ainda está na fase de edição) e sua insuspeita pupila, o que gera uma agradável sensação de cinefilia a quem tem o mínimo de familiaridade com a obra cinematográfica de Kieślowski.
Uma obra de arte sensível ao mesmo tempo em que é provocadora com interpretalções na sua maioria corretas, calcada na tolerância, na esperança e que resvala na falta de comunicação em algumas fases da vida em que abrir mão de suas convicções é bem mais difícil do que perder a quem nos ama e apoia, principalmente, quando se leva em consideração a forma como fomos criados e dependendo claro, do país e do regime em que vivemos.
Escrito e dirigido com argutas observações pelo diretor e roteirista Navid Mihandoust, conforme programa no site do REAG Belas Artes (https://www.cinebelasartes.com.br/programacao/festival-filmes-incriveis/), no dia 1 de agosto, às 19h, a iraniana Neda Mihandoust participará da sessão de Café Teerã, dirigido por seu irmão.
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Isso porque infelizmente , Navid está preso em Evin, no Teerã, condenado a três anos de reclusão por acusações injustas relacionadas a um documentário que ele realizou em 2009, sobre a vida profissional da jornalista e ativista dos direitos das mulheres, Masih Alinejad, uma obra que nunca foi lançada.
FESTIVAL FILMES INCRÍVEIS
Quando: De 01 até 14 de agosto
Onde: Cine REAG Belas Artes
Valores: R$10,00 e R$5,00 (meia, para estudantes e melhor idade). Poltronas numeradas. Em todas as salas, cadeiras adequadas para obesos e espaço para cadeirantes.
Ingressos: Na bilheteria ou pelo site.
Endereço: REAG Belas Artes (R. da Consolação, 2423 – Consolação)
Telefone: (11) 2894-5781
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