Antes da estreia, “Mulher-Maravilha” (de 2017) era um filme recheado de desconfianças. Despois do Universo Estendido da DC (DCEU) ter fracassado, aquele longa chegava despretensioso aos cinemas, e, para alguns, fadado ao insucesso. No entanto, logo de cara o público foi surpreendido pela enxurrada de críticas positivas e hoje o filme é tido como um dos melhores dessa leva da DC. Assim, logo foi confirmada uma sequência, “Mulher-Maravilha 1984”, que foi mantida mesmo após a queda e do universo compartilhado – que até hoje tem futuro incerto.
O novo filme traz Diana amadurecida e como uma Mulher-Maravilha ainda atuante nas sombras. Enquanto salva as pessoas ela precisa lidar com a frustação de ter perdido seu grande amor no passado. Neste longa a cena inicial entrega a mensagem na qual o filme é baseado: afinal, qual seria o seu maior desejo? E por cima de que você seria capaz de passar para atingir seus objetivos?
Diante dessa premissa assistimos um início promissor. A primeira sequência traz cenários exuberantes e um bom jogo de câmera que permeia as primeiras sequenciais de ação. Talvez seja a cena inicial de maior impacto e melhor feita em todo DCEU até aqui. Logo na sequência há um salto temporal. A época tem características nítidas e a mudança de filtros, padrões de cortes, a forma que a protagonista aparece, é tudo carregado de referências aos anos 80 e às séries de heróis clássicas da mesma época. A direção de Patty Jenkins entrega seus melhores momentos até esse ponto. Há um equilíbrio dosado entre ritmo e ação, com saídas cômicas bem encaixadas. Também percebe-se uma clara homenagem a série clássica da Mulher-Maravilha.
Então, após esse primeiro quarto de filme, a história realmente começa a ser contada. Primeiro através da vida de Diana. Depois, com a a introdução dos vilões. Mas, nada do que vemos na introdução das personagens de Kristen Wiig como Mulher-Leopardo (Cheetah) e Pedro Pascal como Maxwell Lord, já não foi visto em outros filmes. Temos um homem rico e com sede de poder, com um intuito de dominar o mundo para compensar um passado onde de humilhações, onde foi por vezes desacreditado. Enquanto Kristen leva a tela uma mulher que nunca se encaixou nos padrões e que também é enjeitada pela sociedade e acaba se apegando a uma oportunidade de ser alguém que as pessoas admiram, e, para que isso não seja tirado dela, a mesma resolve passar por cima de tudo e todos, até mesmo da sua própria humanidade. O grande problema não é o lugar-comum onde os vilões são introduzidos, mas sim, a forma como a obra tira proveito desses personagens na trama, principalmente a Mulher-Leopardo. Está ultima tem sua versão final de forma muito tardia e entrega apenas dois embates mornos com a protagonista. Além disso, a sua mudança de personalidade é muito brusca e sua motivação fraca. Falta trabalho de desenvolvimento para trazer uma verdadeira vilã. O embate que deveria ser destaque entre a Mulher-Leopardo e Diana acaba por acontecer em uma cena escura, o que atrapalha a visualização completa do visual das personagens, quando estas estão em suas melhores versões no filme. A impressão é que carregaram a cena de filtro azul afim de que imperfeições de CGI não fossem percebidas.
O roteiro também atrapalha as boas cenas de ação da nossa heroína com discursos infindáveis e cansativos. Para piorar, tais cenas onde Diana aplica inúmeras lições de moral ficam para a parte final do filme, incluindo na ultima luta, e isso quebra totalmente a esperança de uma batalha mais expressiva. Outra ponto que deixa imensamente a desejar é a forma como a nova armadura é utilizada. O impacto é quase nenhum, e, até mesmo a beleza dela é escondida em meio ao escuridão que a cena apresenta. Já um ponto que roteiro parece não está em nenhum momento preocupado foi em situar “Mulher-Maravilha 1984” como parte do universo compartilhado da DC. Isso fica mais claro com o final totalmente globalizado, em uma situação que geraria consequências futuras e não passariam imunes ao que vemos nos outros filmes do DCEU.
Voltando a Diana, a mesma tem uma caminhada melhor que as dos vilões na trama. A reintrodução de Steve Trevor (Chris Pine) é aceitável diante da situação criada. E, Se o final dado para o casal no primeiro longa deixou um gosto amargo de tristeza, em “Mulher-Maravilha 1984”, a relação deles ganha contornos no qual a resolução é mais significativa e a função motivadora encaixa bem com a sequência posterior.
Com os problemas no roteiro, pode-se dizer que as atuações acabam não soando orgânicas diante de uma tempestade de diálogos e discursos além do necessário e pouco inspirados. Gal Gadot, ainda sim, é claramente a Mulher-Maravilha que sempre desejamos ver nos cinemas, ela tem o carisma e, ao mesmo tempo, a seriedade necessária para a personagem.
Pode-se dizer que “Mulher-Maravilha 1984” é um filme que decai de qualidade dentro do própria película. O início promissor, não se confirma com o desfecho final morno. No entanto, existem muitos acertos que se sobressaem aos erros, e mesmo que não supere seu antecessor, ainda sim é um filme mais equilibrado dentro do DCEU.
Imagens e Vídeos: Divulgação/Warner Bros. Pictures/DCEU
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