O cartaz de “A Conferência” traz a seguinte frase: “quando a humanidade perdeu a guerra”. Isto porque o filme do diretor Matti Geschonneck retrata com uma assustadora perfeição a Conferência de Wannsee, um encontro que reuniu o alto escalão nazista para definir os detalhes operacionais para a Solução Final da questão judaica.
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Antes de falar do filme, um pouco de história. Em janeiro de 1942, líderes nazistas se reuniram num belo e confortável palacete às margens do lago Wannsee, em Berlim. Eles discutiram por horas como fariam para “resolver” a questão judaica de uma vez por todas. Aquela altura, já haviam tentado a emigração forçada dos judeus, assim como o trabalho forçado. Mas era pouco, já que em toda a Europa haviam cerca de 11 milhões de judeus que, segundo os nazistas, eram uma constante ameaça aos arianos.
O filme é um retrato preciso e muito duro da realidade da reunião que decidiu os detalhes da chamada “Solução Final”: o extermínio em massa da população judaica. Sem rodeios, o longa se passa em sua totalidade no palacete, com pouquíssimas tomadas externas.
“A Conferência” é um drama com rigor documental
Como a conferência foi documentada, o filme tem um rigor quase documental. Coube ao diretor e aos roteiristas Magnus Vattrodt e Paul Mommertz a construção de alguns diálogos informais. Essa precisão quase didática do filme pode incomodar os que buscam uma posição mais explícita dos criadores do longa.
A fotografia é sóbria e uniforme, reproduzindo a luz natural de um dia cinza. Isso valoriza a frieza e a indiferença que toma conta daqueles homens, mesmo que tivessem visões diferentes sobre a “solução”. Naquele dia, os burocratas que tentaram outras soluções para o problema se acovardam e e acabam cedendo às pressões dos nazistas mais sanguinários. Tudo fica meio igual.
O horror da discussão que acontece em 1h48 minutos é seca e direta. Não há cortes dramáticos, já que aqueles homens sequer ficam tensos a ponto de valorizar. Além disso, em momento algum se houve música ao fundo, nem mesmo na subida dos créditos. Não há como escapar da indignação de ver pessoas reais planejando o extermínio de milhões de pessoas. Todo o elenco está muito bem na reprodução desse evento dramático da história da humanidade. É um filme chocante, porém necessário, pra não esquecer os horrores que levaram à morte de seis milhões de judeus.
*Esse filme foi assistido durante o Festival do Rio 2022.
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