A vida de Jesus serviu de base para inúmeras obras que foram lançadas nesses dois mil anos. Algumas delas revisitam toda sua vida, mostrando sua origem, suas pregações, as pessoas que o seguiam, até por fim sua morte e ressurreição. Outras são mais específicas, como é o caso de “Últimos Dias no Deserto”, direção e roteiro de Rodrigo García.
Ewan McGregor interpreta Jesus – ou Yeshua, nome em hebraico – e ao mesmo tempo o Diabo, dando assim a liberdade de pensamento ao se perguntar: seria mesmo o Diabo ou apenas uma provação a mais? Yeshua é levado para o deserto e posto a prova pelo Diabo em três momentos básicos: o jejum que ele praticou de 40 dias, quando lhe é oferecido comida, o segundo ao ser tentado com a palavra de Deus e a terceira tentativa era para se livrar da crucificação. As tentações tinham a intenção de transferir sua lealdade.
Yeshua encontra em sua jornada uma família que vive no deserto. Apesar da aparente calma, eles estão quase a explodir, e acabam se abrindo com ele. O pai, um homem velho, quer que seu filho continue no deserto. O filho, por sua vez, tem ambições e desejos maiores, mas esta ligado a mãe, que apesar de muito mais jovem que seu marido, esta morrendo. O desejo do filho de conhecer a grande cidade é tanta que o Diabo diz a Jesus que se ele não tivesse chegado ali naquele momento, o destino dos três seria trágico e muito mais sofredor.Os atores estão bem em seus papéis. McGregor faz uma boa interpretação tanto como o Yeshua quanto como Diabo. Ciarán Hinds, como o pai, Tye Sheridan, como o filho, e Ayelet Zurer, como a mãe, completam o elenco. Um dos pontos positivos do filme, e grande parte disso deve-se a atuação de McGregor, são as dúvidas que Jesus tem, seus receios e medos, que aproxima o filho de Deus ao ser humano.
Apesar da boa construção, do bom trabalho com as atuações e o texto, Últimos Dias No Deserto baseou-se em algo ligeiramente complicado para se construir um roteiro para um filme de 90 minutos. A passagem de Yeshua no deserto, apesar de escrita por Lucas, Marcos e Matheus, são citações pequenas. Sabe-se que ele passou por três tentações e livrou-se delas e elas estão presentes nos filmes. Porém, houve uma construção para sustentar o filme e a história pode ser um pouco distinta do que vemos no Bíblia.
O filme pode não causar empatia imediata, mas impressiona pela sensibilidade e boa produção da história, além de trazer um pensamento quase imediato de que todos, uma hora ou outra, precisam se encontrar em algum momento.
Últimos Dias No Deserto estréia no Brasil no próximo dia 8 de setembro.
https://youtu.be/aTFWxMYkrlM
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MUITO SENSATA A CRITICA.
Excelente crítica! Realmente a sensibilidade é um ponto forte, mas, algumas coisas achei muito distintas do que lemos nos evangelhos (todos eles). Não sou contra o exercício da criatividade nas lacunas em que ela é permitida, mas, em varios momentos achei que passou do ponto! Ainda assim, um ótimo filme!