Uma explosão de cores
Há tempos que o imaginário do público é povoado por criaturas monstruosas que rodaram o mundo através de lendas que se espalharam na boca do povo, livros especializados e filmes que marcaram uma época. Vampiros, lobisomens, monstros, múmias, e diversos outros seres horripilantes, fazem tanto sucesso que todo ano alguém insiste em recontar essas histórias abordando um suposto novo ângulo. Entre vampiros que brilham, Lobisomens lutadores e até bruxos caçadores de recompensas, eis que surge uma nova proposta – dessa vez focada na felicidade.
Baseado no livro escrito pelo alemão David Safier, o filme “Uma Família Feliz” acaba de chegar aos cinemas e é uma ótima pedida para os pequeninos. Simples e divertida, a história aborda a desiludida vida dos Wishbone’s. Tomados pela tristeza e o desânimos que cresce a cada dia, eles estão cada vez mais afastados um do outro e isso incomoda bastante Emma – a mãe da família. A todo tempo ela tenta buscar formas de salvar a relação com seus familiares, muitas vezes tropeçando em ideias que pioram a situação. Em meio a tantos problemas, uma desastrada bruxa aparece em suas vidas e os amaldiçoa com um poderoso feitiço que os transforma em monstros. Para quebrar a maldição, eles terão que se unir para se aventurar em perigosos caminhos que mudarão para sempre a vida de cada um deles.
A produção alemã, apesar de não apresentar nenhuma novidade para o mercado da animação, é bem realizada dentro de suas possibilidades. Com um orçamento visivelmente baixo, o filme tropeça em alguns pontos em relação a qualidade, contudo, ainda consegue ser superior a muitas outras produções lançadas nos últimos anos.
O roteiro, escrito pelo próprio David Safier em parceria com Catharina Junk, é totalmente focado no público infantil – o que difere bastante da história desenvolvida no livro. Enquanto na literatura o escritor opta por uma narrativa capaz de agradar diversas idades, em seu roteiro a aposta segue um caminho ainda mais leve, descontraído, com diversos esteriótipos capazes de agradar a criançada. O interessante aqui é ver a conexão feita em relação a personalidade de cada personagem com seu alter ego. Bem como, a tentativa dos roteiristas em desconstruir os clássicos monstros, oferecendo uma vertente mais contemporânea e tecnológica a esses.
A direção de Holger Tappe (“Animais unidos jamais serão vencidos”) é segura, mas segue uma cartilha bastante comum obedecendo o roteiro em todos os aspectos. E é aqui que o diretor mais erra, não percebendo falhas que poderiam fazer uma grande diferença para a animação, como os diversos erros de continuidade – por exemplo: o questionamento da vampira ao temer a luz do sol, em um momento em que precisa sair da van. Contudo, essa dúvida não havia sido levantada uma cena antes quando a mesma estava caminhando tranquilamente (sob a luz do sol) em direção a van. Todavia, erros a parte, o filme nos conquista com um visual alegórico, bonito, capaz de levantar o ânimo de qualquer um.
A dublagem original fica por conta de Emily Watson, Jason Isaacs, Nick Frost, Jessica Brown Findlay, Celia Imrie, Catherine Tate, Ethan Rouse. Na versão brasileira, o único nome de destaque é de Juliana Paes. A atriz da vida a personagem Emma e realiza um excelente trabalho. Ao mesmo tempo, os demais dubladores também não ficam para trás e constroem seus papéis de forma correta e bastante convincente.
“Uma família Feliz” é um divertido filme para curtir com a… família. É divertido, repleto de aventuras e personagens que chamam – literalmente – a atenção. Trata-se de um filme comum, mas bem realizado e que vale a pena conferir. Além disso, é um bom começo para conhecer o trabalho de outros profissionais da animação, um meio que não para de crescer.
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