“O corpo do artista é livre, fluido”. Essa é uma das frases ditas pela atriz Christiana Guinle no monólogo “Gênero: livre”, que voltou neste mês de fevereiro para uma curta temporada no Teatro Glauce Rocha.
Escrita por Pedro Henrique Lopes e dirigida pelo ator e diretor Ernesto Piccolo, a peça “Gênero: livre” aborda a questão da liberdade de gênero, de identidade e a expansão que é o corpo do artista, já que no palco o ator, a atriz ou “atore” – um questionamento que Christiana Guinle traz em seu monólogo, é livre para ser qualquer pessoa. O discurso é cheio de fotos e relatos pessoais da atriz, além de homenagens e uma trilha sonora que casa com a narrativa. E é de arrepiar.
“Gênero: livre” é uma peça simples, sem muitos adereços, sem um cenário exuberante. Mas que é poderoso em sua bagagem, fazendo com o que público saia do teatro se questionando e refletindo sobre o que foi visto. Onde a protagonista muda de roupas e adereços para contar partes da sua história de vida ou até dar vida aos personagens do seu passado. E assim a peça flui, com Guinle indo de personagem a personagem e, ao mesmo tempo, contando sobre os acontecimentos que fizeram ela ser quem ela é hoje, assim como alguém conta um segredo. E questionando e trazendo uma reflexão sobre o que é liberdade e como as pessoas precisam estar bem com elas mesmas.
O texto carrega verdades que são difíceis de escutar, mas com um toque de humor que a atriz Christiana Guinle sabe fazer. E Guinle traz uma atuação que passa uma sensação de conforto e admiração. Poderia escutar suas histórias de vida no Brasil, sobre as suas viagens, seu trabalho por horas. Guinle se torna íntima, amiga do público.
É uma pena que “Gênero: livre” fez uma curta temporada, porque a verdade é que ela deveria estar sempre em cartaz. O monólogo ensina, reflete, emociona mas sempre com uma leveza que tem o toque da Christiana Guinle e Ernesto Piccolo. E quando chega ao fim, o público sente uma sede. Sede de querer ver mais, de querer saber mais sobre a artista e sobre a liberdade, fazendo com que cresça uma força dentro de cada um.
“Gênero: livre” atinge seu objetivo, até sem dizer nada. Só com uma música, uma luz e o olhar da Christiana Guinle em cima do palco.
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