Dentre os maiores nomes do entretenimento infantil mundial, devemos obrigatoriamente destacar o grande gigante da televisão, Cartoon Network, que desde seu lançamento em 1992, marcou a infância de muitos de nós com os mais variados desenhos, como O Laboratório de Dexter, As Meninas Superpoderosas, Coragem o Cão Covarde, os animes do Toonami, entre inúmeros outros que marcaram infâncias e gerações. Mas nem todo mundo sabe que desde 2014 o Cartoon Network tem em seu conteúdo sua primeira série totalmente brasileira. Chegou a hora de falarmos do maravilhoso Irmão do Jorel, animação brasileira que está sendo transmitida não só aqui, em terras tupiniquins, como também em inúmeros países.
Criada por Juliano Enrico, que anteriormente já tinha feito trabalhos para a MTV brasileira, como O Último Programa do Mundo, Acesso MTV, entre outros, Irmão do Jorel é a primeira animação brasileira do Cartoon Network e é motivo de orgulho e identificação para todos os brasileiros que podem ver sua cultura nas telas da TV internacional. A série recebeu financiamento do Cartoon para sua produção por meio de um concurso de novos projetos da empresa de 2009, no qual Juliano foi o vencedor, tendo adaptado uma história na qual publicava há anos em sou blog e que retratava seu protagonista sem nome.
A animação conta a história do Irmão do Jorel, personagem principal da trama que é unicamente conhecido pela alcunha de ser o irmão do menino mais popular do pedaço. Ele representa a grande sina do irmão mais novo, que é comumente ofuscado pela popularidade do irmão mais velho. Ele mora com suas duas avós, seus dois irmãos mais velhos, seu pai e sua mãe num bairro do subúrbio brasileiro, vivendo todos os problemas que a maioria das crianças de 8 anos dos anos 1980 viveu, como o primeiro amor, o brinquedo desejado que todos os amigos tinham (menos ele), a hora do recreio, dever de casa e sua relação com seus amigos e sua família. Todos os grandes problemas de uma criança de 8 anos.
A animação não se limita só a isso. Ao mesmo tempo em que lida com essas questões infantis, ela trata de diversas questões da realidade brasileira da época de forma muito bem humorada e caricata, como a ditadura militar, o cenário musical da MPB, a cultura dos jovens, questões populares brasileiras, feriados nacionais, a mídia, o serviço militar, entre outros infinitos assuntos. E é claro, pela primeira vez, temos na maior emissora de TV infantil um desenho que não fique apenas reforçando os estereótipos americanos. No lugar de personagens brancos, americanos, bebendo Coca-Cola e se fantasiando para o Halloween, como temos na maioria dos desenhos infantis, podemos esperar personagens de todas as cores, brasileiros, bebendo caldo de cana e se fantasiando para festas juninas. A série ainda conta com toneladas de referências e memórias destes anos dourados, como a exibição e a febre dos Cavaleiros do Zodíaco, a cultura dos fliperamas, as brincadeiras de rua, os passeios de família para a praia, filmes de sessão da tarde e uma penca de outros ícones da década de 1980 e 1990.
Juliano Enrico já admitiu que a inspiração dos personagens da série vem de diversas histórias e figuras de sua própria vida, mas não tornando disso uma obra biográfica. E não só do irmão do Jorel nos apaixonamos. Temos um elenco de personagens maravilhosos na série que tornam quase impossível que o público não identifique sua própria família ali. Jorel é o filho perfeito, jogador de basquete no time da escola, bonito, inteligente, sorriso perfeito, talentoso e tudo aquilo que você não queria ser comparado na infância. Nico é o irmão mais velho, sempre te mostrando o quão pequeno e desentendido do mundo você é e pode ser, a Mãe Vanuza é a mãe que faz tudo: trabalha, cozinha, malha, leva os filhos na escola, faz das tripas coração para ser a melhor mãe que essas crianças podem ter. O pai Edson é claramente inspirado no cantor Belchior, foi um grande músico revolucionário da MPB no passado, tendo lutado até contra a ditadura dos “palhaços”. Suas duas avós são, possivelmente as personagens mais interessantes da série: Gigi é a senhora carrancuda, mal humorada, acomodada e cheia de manias que não levanta de sua poltrona de frente à TV e a vovó Juju é simplesmente a personagem mais incrível da animação; é a avó clássica do imaginário popular, carinhosa, fofa, preocupada e maravilhosamente divertida, com todas as manias e costumes que nossas “velhinhas” possuem, fazendo-a ser a personagem mais adorada pelos fãs. Contamos ainda com Lara, a melhor amiga tagarela do protagonista, com quem existe uma espécie de sentimento que, por serem muitos jovens, é ainda muito nebuloso.
Com personagens maravilhosos, dublagens excepcionais, um enredo tipicamente brasileiro, críticas à sociedade como um todo, diálogos inteligentes que nos remetem a infância e vovó Juju (que é uma estrela a parte), Irmão do Jorel vem conquistando seu lugar como um dos grandes títulos do Cartoon Network na atualidade. Se ainda não começou, já está na hora de acompanhar essa série maravilhosa.
A terceira temporada de Irmão do Jorel já está prevista para lançar em 2018 e mal conseguimos esperar para continuar a acompanhar a melhor história do Cartoon dos últimos tempos.
Por Yuri de Melo
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