Encontro aconteceu na turnê de 2012, a última do Van Halen

Se você é a atração principal de um grande show, a última coisa que deseja é que a banda de abertura roube os holofotes. Ao mesmo tempo, precisa que ela prepare o clima para o que vem a seguir. Talvez por isso Robert “Kool” Bell, baixista do lendário Kool & The Gang, tenha ficado surpreso quando, em 2011, recebeu de David Lee Roth um convite inusitado: abrir os shows do Van Halen.

O pedido surgiu após a performance da banda de funk e soul no Glastonbury daquele ano, quando dividiram o line-up com nomes como Coldplay e U2. Roth estava na plateia e, impressionado, decidiu que queria Kool & The Gang como ato de abertura da turnê do Van Halen. “Ele disse: ‘Acabei de ver esses caras balançarem os rockeiros’”, relembra Bell em entrevista ao The Sunday Times (via MusicRadar).

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A ideia, à primeira vista, soava improvável. Afinal, a mistura de grooves de funk dos anos 70, hits disco como Celebration e baladas românticas não parecia combinar com o hard rock enérgico do Van Halen. Tanto que, segundo Bell, até pessoas próximas de Roth duvidaram: “Você enlouqueceu? Kool & The Gang?”. Mas o vocalista não recuou — e estava certo.

Em 2012, as duas bandas saíram juntas em turnê, com direito a 48 apresentações pelos Estados Unidos e Canadá. O resultado foi um sucesso. Para Roth, a lógica era simples: ambos tinham repertórios que conquistavam grandes públicos femininos e canções que viraram hinos de celebração. “Ele disse: ‘Nós temos Jump e vocês têm Celebration. Vamos sair e transformar isso numa festa’”, recorda Bell.

Na mesma entrevista, o baixista também falou sobre a longa história de Kool & The Gang com o universo dos samples. Clássicos do grupo já foram reutilizados por incontáveis artistas, incluindo Summer Madness, de 1974, que virou base de Summertime, sucesso de DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince em 1991, com Will Smith. Para Bell, o importante é que o reconhecimento seja acompanhado de remuneração. “No começo, não pagavam. Tivemos que colocar gente no que chamávamos de ‘patrulha dos samples’”, conta. Hoje, graças a mudanças na legislação americana, o cenário mudou. “Agora estamos recebendo.”

Formado em 1972, na Califórnia, pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen, ao lado do vocalista David Lee Roth e do baixista Michael Anthony, o Van Halen rapidamente se tornou um dos maiores nomes do hard rock mundial. Com riffs inovadores e a revolucionária técnica de guitarra de Eddie, o grupo ganhou fama já em seu álbum de estreia, Van Halen (1978), que trouxe clássicos como Runnin’ with the Devil e a versão de “You Really Got Me”.

Nos anos 80, atingiram o auge com hits como Jump, consolidando-se como ícones da MTV e do rock de arena. Após mudanças na formação – incluindo a entrada de Sammy Hagar nos vocais –, a banda manteve enorme sucesso comercial, com mais de 80 milhões de discos vendidos. Apesar das turbulências internas e da morte de Eddie Van Halen em 2020, o grupo permanece como um dos pilares do rock.

Já o Kool & The Gang, fundado em 1964 em Jersey City, nos Estados Unidos, surgiu da reunião de jovens amigos apaixonados por jazz, R&B e funk, liderados pelo baixista Robert “Kool” Bell e seu irmão Ronald Bell. Ao longo dos anos 70, o grupo se consolidou como um dos maiores nomes do funk e da música dançante, emplacando clássicos como Jungle Boogie e Hollywood Swinging. Nos anos 80, incorporaram sonoridades do pop e do disco, alcançando enorme sucesso global com hinos como “Celebration”, “Ladies’ Night” e “Get Down on It”.

Com uma carreira marcada por reinvenções e mais de 70 milhões de discos vendidos, a banda se tornou uma das mais influentes da música popular, além de figurar entre os artistas mais sampleados da história do hip-hop.

_{Imagem Destacada: Divulgação/Kool & The Gang (via Instagram)}