“Masculinidades Periféricas – Reconstrução” expõe o sentimento diário do homem da favela
Em Anchieta, Zona Norte do Rio de Janeiro, ocorre o Papo de Baile do Maisum, projeto do DJ Jorge Maisum. Nesse projeto, são organizadas rodas de conversa entre os participantes, onde os assuntos abordados estão atrelados a saúde física e mental, além de outros tópicos ligados à construção da masculinidade dentro da periferia. O jornalista e ativista Renan Schuindt, participante de uma das rodas de conversa, decide registrar as histórias e as reflexões desses homens, além de escutar suas necessidades.
O trabalho de Renan resultou em dois curtas, “Masculinidades Periféricas – Desconstrução”; e “Masculinidades Periféricas – Reconstrução”. Tendo o último vencido a categoria de melhor documentário na Brazil New Visions Internacional Film Festival 2024. E não atoa, a ideia de registrar a figura masculina enfrentando conflitos sentimentais e expondo suas fraquezas é até hoje um tema sensível e que muitos poucos ousam tocar. E o motivo pra isso é exposto no próprio documentário, a figura masculina possui diretrizes, e muitas delas o impedem de expressar o que sente.
Através do projeto do DJ Maisum, os participantes fizeram uma pesquisa inédita que revelou que 75% dos homens de favela se consideram machista
Dos entrevistados, 40% tem medo ou dificuldades de falar o que sentem. São homens isolados social e economicamente, e que, como exemplificado pelos relatos dos participantes das rodas de conversa, é um receio ligado diretamente aos “deveres” da figura masculina para com a sociedade e consigo mesmo. Não se limitando à saúde mental, os curta-metragens também discutem a percepção da comunidade sobre outras formas de masculinidade. Além de ser uma questão muito brasileira, o machismo estrutural hoje afeta em larga escala o processo de uma transformação sociocultural que se faz necessária a muitas décadas.
O conceito apresentado pelo documentário, é sobretudo, uma introdução ao tema e um primeiro passo para que o tópico continue sendo estudado e discutido. Mas muito ainda fica a ser explorado, e é necessário entender que o orçamento e o recorte de tempo utilizado pelo documentário eram ínfimos. Devemos continuar dando apoio para que mais produtos com o viés de trazer luz a temas pouco trabalhados sejam elaborados.
Em resumo, “Masculinidades Periféricas” é um projeto que se faz extremamente necessário, e dá o pontapé inicial em um tópico que se revela cada vez mais importante de ser abordado.
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