Os risos ainda arrastam multidões no cinema nacional
Quando se fala em cinema nacional, o grande público costuma generalizar em filmes de comédia pastelão ou retratos da violência do país. A ideia é reforçada pelo grande alcance desse gênero de filmes, principalmente as comédias, com o grande público, (vide “Minha Mãe é uma Peça” e “Tropa de Elite”). Contudo, o estigma criado sobre a qualidade dos longas, em sua maioria, não é dos melhores. Há uma opinião pública formada por uma parcela das pessoas sobre uma grande quantidade e pouca qualidade. Mas, a realidade é que o cinema brasileiro é vasto, no entanto, o espaço e a procura do público limita o que chega ao grande circuito, é algo atrelado ao consumo. Afinal, se trata de mercado e, o que vai para os grandes circuitos é o que chama mais atenção das pessoas. No final das contas, para quem se aprofunda, é possível ver que o cinema nacional tem obras fantásticas de todos os gêneros, inclusive, na comédia, mas perpassando por dramas, ação policial e fantasia. Dito isto, o filme “Minha Irmã e Eu” apresenta todas as características de uma comédia de grande alcance, desde o elenco, até a história mais simplista. Mas será que a qualidade do enredo não poderia ser ainda melhor?
Apesar do aparente descompromisso, “Minha Irmã e Eu” é uma comédia que tem por viés trazer mensagens sobre envelhecimento e família. Na trama, duas irmãs distanciadas pela vida, precisam se unir para encontrar a mãe, que fugiu sem deixar pistas, após se ver rejeitada pelas duas filhas. Esse plano de fundo, apresenta o espaço para que Ingrid Guimarães e Tata Werneck desenvolvam os conflitos cômicos da trama.
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Com a direção da experiente Susana Garcia, o trama é afiada nas piadas, mas corrida no aprofundamento das relações. A superficialidade, que é uma característica do gênero mais pastelão, deixa o plano de fundo como o que ele realmente é: uma bengala onde se escora as relações. Contudo, a experiência em um contexto geral, não é fragilizada, porque logo somos inseridos em um universo de risadas por situações absurdas. Essa relação do filme com situações desprendidas de lógica, traz um relaxamento para o espectador sobre o que esperar da cena seguinte. O importante, na verdade é que é quase impossível não rir, porque as piadas funcionam.
Mulheres que são a chave do sucesso
As responsáveis pela funcionalidade da trama, são três mulheres que sabem fazer, de forma única, comédia no cinema brasileiro: Susana Garcia, Tata Werneck e Ingrid Guimarães. Susana claramente deixa espaço para as atrizes se divertirem em cena. Essa liberdade permite as mesma estarem soltas e fazendo loucuras hilariantes. O público compra a afinidade e também compra o que claramente fugiu do script como improviso. Se é para ser pastelão, seja de corpo inteiro e isso elas fazem.
No final das contas, mesmo com toda superficialidade do enredo, além de um final abrupto, “Minha Irmã e Eu”, cumpre a promessa de divertir de forma descontraída. E, para aquele público que contesta este tipo de longa no cinema nacional, entenda: não são esses longas que tiram o espaço de outros gêneros, a realidade é que o público não consome de forma variada o cinema nacional, que tem qualidade e diversidade para todos os gostos.
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