Miyamoto Musashi é um grande herói no Japão e já foi tema de inúmeras histórias, tanto reais quanto lendárias. O famoso samurai viveu entre 1584-1645, quando houve um período de auge do bushido (caminho do guerreiro), no qual um homem que empunhava uma espada representava o máximo da realização individual. Logo após essa época os samurais começaram a perder o seu valor ao serem substituídos por armas de fogo nas batalhas.
A história real de Musashi se mistura a algumas lendas e suposições. Mesmo o aprendizado de suas habilidades como guerreiro são contadas em versões diferentes de acordo com historiadores e descendentes dos samurais.
O que se sabe realmente é que ele estava sempre em busca de aperfeiçoar sua técnica estudando e treinando muito. Consta que ele não usava espadas originais, mas sim aquelas de treino, de madeira. Também é relatado que Musashi era um hábil estrategista, sabendo utilizar recursos psicológicos para enfraquecer seus inimigos.
No Brasil esse lendário guerreiro samurai não passou despercebido e foi publicado tanto em livros quanto em quadrinhos. Uma das obras mais singulares sobre Musashi foi criada pelo artista brasileiro Júlio Shimamoto. Na verdade são diversas histórias curtas que foram reunidas e publicadas em dois álbuns (Musashi e Musashi II) pela editora Opera Graphica.
Shima, como é conhecido entre seus fãs, dividiu sua carreira entre a publicidade.e os quadrinhos. Nesta área produziu muitas histórias de terror desde a década de 1960, passando por diversas editoras como Vecchi, Grafipar e Bloch Editores. Dono de um estilo inconfundível, Shimamoto escrevia e desenhava também HQs de artes marciais, afinal ele é descendente de samurais aristocratas. Essa herança cultural notadamente influenciou tanto os temas de seus trabalhos quanto o seu estilo.
A arte de Shima não se parece nem com os mangás tradicionais e nem com os quadrinhos orientais. A narrativa é rápida e intensamente visual, como nos quadrinhos japoneses, mas ao mesmo tempo utiliza diversos elementos típicos dos quadrinhos americanos, sobretudo os de terror. O alto contraste em preto e branco é a marca registrada de Shimamoto, mas não pense em algo do tipo Will Eisner. O estilo se assemelha a pinceladas largas, lembrando muito os ideogramas japoneses.
Em Musashi I e II o próprio autor escreveu os roteiros, o que garante uma forte consistência com a parte visual e torna as tramas muito ágeis e dinâmicas. Além disso, os álbuns tem como pano de fundo a história, filosofia e cultura do Japão feudal, sobretudo a dos samurais.
Shimamoto possui muitos trabalhos publicados em diversas épocas, aconselho o leitor que procure estes também. Mas em minha opinião, Musashi é a obra que reflete da melhor forma o estilo inigualável de Shima. Ambos os álbuns estão fora de catálogo, mas podem ser facilmente encontrados em lojas especializadas e também em sites de vendas, como o Mercado Livre.
Autor: Julio Shimamoto
Número de páginas: 52
Formato: (20 x 26 cm)
Publicado em: 2003
Editora: Opera Graphica
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