No filme “Não Sou Nada”, o famoso poeta português Fernando Pessoa se encontra e debate com seus heterônimos criados em sua literatura
Um dos mais famosos poetas portugueses, Fernando Pessoa, construiu sua obra utilizando diversos heterônimos (nomes fictícios utilizados por autores para assinar obras com características e estilos distintos dos seus próprios) ou seja, é acostumado a transitar entre diversos pensamentos, formas e é o que nos apresenta o filme “Não Sou Nada”.
Então a ideia de um filme em que o criador encontra e confronta algumas de suas criaturas é uma forma ao mesmo tempo de fundamentar a forma de sua arte tanto como de expor aos expectadores a diferentes pontos de vista, que podem ou não ter intersecção entre si e desafiam nossa percepção do que seria a realidade, mesmo que de forma lúdica na tela (seja em qual for que você assista).
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O diretor e um dos roteiristas Edgar Pêra, inclusive para deixar bem claro alguns dos conflitos, nos mostra cenas de confrontos do poeta em frente a espelhos numa alegoria óbvia, mas clara e condizente com a história vista como é o típico exemplar do “filme-ensaio” (tipo de filme que busca explorar um tema ou questão de forma reflexiva e subjetiva, em vez de contar uma história narrativa tradicional).
Ainda mais que a maioria do filme se passa em um cenário que emula a redação de uma revista de nome Orpheu, o que seria a persona principal do próprio Fernando Pessoa, é o venerado editor chefe e o principal utilitário do espaço chamado de Clube do Nada, um dos lugares centrais de divagação que ele comanda com mão de ferro, até que entra na história um elemento disruptor que, subitamente, transforma a trama em um curioso filme noir com todos os signos e clichês a que estamos acostumados desse gênero, o que é muito bem-vindo e inesperado (mesmo com essa indicação no cartaz), mas que quebra a proposta inicial de tratar todas as situações em alegoria.
E é na galeria dos heterônimos do poeta que desfilam pelo filme, a boa sacada do longa de Edgar Pêra, pois, além de exemplificar o que parecem ser os diferentes humores de Pessoa, confirma a grande pluralidade de um grande e respeitado artista do seu tempo e o que custou a ele em termos de sanidade transitar entre mentes, pensamentos — muitos deles contendo frases soltas de seus poemas e ensaios mais famosos — que é o gatilho para familiarização com essa figura que era poeta, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário…
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Tantos em um que quase não cabe em um filme, mas que num belo trabalho de decupagem, inclusive confundindo nossa percepção pela forma pensada na sua forma de confecção, o faz incomum, mas que no seu meio mostra uma certa indecisão do momento certo para onde ir, o que pode causar confusão em alguns momentos, porém essa viagem na mente de um dos maiores artistas das palavras vale a pena para conhecê-lo e, quem sabe, decifrá-lo por uma hora e meia.
Enigmático, performático (muito bem representado pelo elenco principal) e magnético são adjetivos difíceis de encontrar nos filmes de hoje e é o caso de “Não Sou Nada”, caso você esteja disposto a embarcar nessa viagem às vezes caótica, como a mente dos brilhantes.
Imagem Destacada: Divulgação/International Film Festival Rotterdam

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