Filme brasileiro “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, disputa Melhor Filme de Drama, Melhor Filme em Língua Não Inglesa e rende a Wagner Moura indicação inédita a Melhor Ator em Filme de Drama no Globo de Ouro 2026
A segunda-feira, 8 de dezembro, amanheceu com o cinema brasileiro cravado no mapa da temporada de premiações: “O Agente Secreto”, novo longa de Kleber Mendonça Filho estrelado por Wagner Moura, acaba de garantir três indicações ao Globo de Ouro 2026. O filme concorre a Melhor Filme de Drama, Melhor Filme em Língua Não Inglesa e ainda leva Wagner à disputa de Melhor Ator em Filme de Drama.
A 83ª edição do Globo de Ouro acontece em 11 de janeiro de 2026, em Los Angeles, e segue sendo vista como um dos principais “termômetros do Oscar”, ou seja, essa tripla indicação coloca “O Agente Secreto” oficialmente no radar da corrida pelo prêmio máximo de Hollywood.
Mais do que um bom resultado para um filme brasileiro, é um momento histórico:
- primeiro longa do Brasil a concorrer simultaneamente em Melhor Filme de Drama, Melhor Filme em Língua Não Inglesa e a levar um ator brasileiro à categoria de Melhor Ator em Filme de Drama;Terra+1
- Wagner Moura se torna o primeiro ator brasileiro indicado como protagonista na categoria de drama no Golden Globe.

Globo de Ouro 2026: o dia em que “O Agente Secreto” entrou de vez na briga
Na lista oficial de indicados, “O Agente Secreto” aparece ao lado de produções de peso tanto na categoria de Melhor Filme de Drama quanto na de Melhor Filme em Língua Não Inglesa, competindo com títulos da França, Coreia do Sul, Noruega, Espanha e Tunísia.
Já Wagner Moura disputa a estatueta de Melhor Ator em Filme de Drama com nomes como Leonardo DiCaprio, Timothée Chalamet, Michael B. Jordan, Ethan Hawke e Joel Edgerton, um line-up que por si só mostra o tamanho da categoria deste ano.
Para um filme que já vinha embalado pelo buzz de festival, as indicações consolidam aquilo que muita gente vinha repetindo nas últimas semanas: “O Agente Secreto” não é só um sucesso brasileiro, é um dos grandes títulos da temporada mundial.
Sobre o que fala “O Agente Secreto”?
Ambientado em Recife, em 1977, em plena ditadura militar, “O Agente Secreto” acompanha Marcelo (Wagner Moura), um ex-professor universitário e especialista em tecnologia que deixa São Paulo e retorna à cidade natal tentando escapar de um passado violento e de um conflito perigoso com um empresário ligado ao regime.
Ele busca paz, reaproximação com o filho e uma chance de ir embora do país. O problema é que Recife está longe de ser refúgio: a cidade vive sob vigilância constante, opositores são perseguidos e o regime usa a tecnologia como ferramenta de controle totalitário.
Ao se esconder numa casa segura com outros dissidentes e figuras marginalizadas, incluindo refugiados angolanos e a líder Dona Sebastiana, Marcelo se vê no centro de uma rede de conspiração, espionagem e paranoia política. O resultado é um thriller político denso, que mistura suspense, memória e comentário social sobre o Brasil dos anos 70 (e, por tabela, o de hoje).
O elenco ainda traz nomes como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Alice Carvalho, Hermila Guedes e Udo Kier, em sua última participação no cinema.
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Kleber Mendonça Filho: do Recife para Cannes, do Cannes para o Globo de Ouro
Assinado por Kleber Mendonça Filho, “O Agente Secreto” dá sequência a uma filmografia que já tinha sacudido o circuito internacional com “O Som ao Redor”, “Aquarius” e “Bacurau”.
Em 2025, o filme teve estreia em competição oficial no Festival de Cannes e saiu de lá como o longa mais premiado do ano: Melhor Diretor para Kleber Mendonça Filho, Melhor Ator para Wagner Moura, além do Prêmio FIPRESCI (crítica internacional) e do Art House Cinema Award.
Depois de Cannes, “O Agente Secreto” circulou por festivais como Telluride, Toronto, Nova York e Rio, consolidando seu status de queridinho da crítica e sendo escolhido como filme representante do Brasil no Oscar 2026, na categoria de Melhor Filme Internacional.
Nos agregadores de crítica, o longa aparece com taxas altíssimas de aprovação, descrito como um thriller político visualmente impressionante e tematicamente rico, que combina estilização de cinema de gênero com um olhar afiado sobre autoritarismo e apagamento de memória.

Wagner Moura no olho do furacão internacional
Para Wagner Moura, “O Agente Secreto” é mais um capítulo de uma carreira que já vinha flertando com o circuito global desde “Tropa de Elite”, “Narcos” e participações recentes em produções internacionais. Aqui, porém, o patamar é outro: ele já havia levado o prêmio de Melhor Ator em Cannes pelo papel, vem acumulando troféus e indicações de associações de críticos nos EUA e agora crava uma indicação inédita ao Golden Globe como Melhor Ator em Filme de Drama.
É o tipo de virada que não acontece todo dia para um ator brasileiro: Moura deixa de ser apenas “o brasileiro talentoso em produções de fora” para se tornar, oficialmente, um dos nomes centrais da temporada de premiações.
No meio disso tudo, o filme segue em cartaz nos cinemas brasileiros, com distribuição da Vitrine Filmes, permitindo que o público local acompanhe, em tempo real, um raro caso de thriller político nacional que está sendo debatido, premiado e aplaudido mundo afora.
Por que essa indicação é tão importante para o cinema brasileiro?
A presença de “O Agente Secreto” no Globo de Ouro não é só uma vitória pontual, é um sinal de que o cinema brasileiro voltou a ocupar espaço central no imaginário da indústria global.
Ela dialoga com um movimento recente em que obras como “Ainda Estou Aqui” e outros títulos nacionais vêm aparecendo em listas de melhores do ano, prêmios de crítica e festivais de peso, tirando o Brasil do papel de “coadjuvante exótico” para colocá-lo na conversa de igual para igual.
Ao mesmo tempo, o filme de Kleber Mendonça Filho fala de um passado de repressão, censura e controle com um olhar que conversa diretamente com dilemas políticos contemporâneos, no Brasil e fora dele. Ver uma obra assim disputar Melhor Filme de Drama em uma premiação tão visada reforça a ideia de que, sim, histórias brasileiras conseguem dialogar com o mundo sem perder sotaque, contexto ou complexidade.
Agora, a pergunta que fica para janeiro é:
o Globo de Ouro vai só reconhecer o feito com indicações ou vai coroar de vez “O Agente Secreto” e Wagner Moura como vencedores?
Enquanto isso, seguimos de olho, na torcida, na análise e, claro, prontos para acompanhar cada passo dessa campanha que já é histórica.
Imagem Destacada: Divulgação/Vitrine Filmes
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