Algumas novas tecnologias têm facilitado a produção e distribuição de Histórias em quadrinhos, fato que tem feito crescer significativamente a cena independente. Mais do que isso, tem trazido um número crescente de garotas e mulheres escrevendo e desenhando HQs!! Pra acompanhar esse fenômeno, fui visitar o evento “O Grito das Minas nas HQs!” que aconteceu no último sábado (23/09) na loja da UGRA. Teve lançamentos de livros e zines, sorteios, bate-papos e muita animação. Confira a matéria.
Antes de falar sobre o evento, achamos importante descortinar um pouco sobre as organizadoras. Mina de HQ é um coletivo sobre as mulheres que fazem, curtem e vivem os quadrinhos. O principal objetivo do grupo criado pela jornalista Gabriela Borges é dar visibilidade ao trabalho de mulheres quadrinistas e às diferentes formas de representação de gênero nas HQs do Brasil e do mundo.
Um dos pontos mais importantes do evento foi o lançamento de duas publicações. A primeira delas é o Zine “Anarcha Glam”.
Além desse importante fanzine, também aconteceu o lançamento do livro Clítoris. Publicada como revista independente na Argentina desde 2011, ela trata expecificamente de quadrinhos e feminismo. Mariela Acevedo criou a revista com o objetivo de desconstruir os estereótipos sexistas e dar espaço para o trabalho feito por mulheres. Após quatro edições como revista, em 2014 a editora portenha Hotel de las ideas publicou a antologia “Clítoris. Sex(t)ualidades en viñetas”, que trazia textos e quadrinhos sobre direito ao aborto, prostituição, igualdade, diversidades sexuais, padrão de beleza hegemônico e exploração sexual. Este material foi objeto de pesquisa de Gabriela e consequentemente à criação do projeto Minas de HQ. Depois de três anos, vem uma nova compilação em formato de livro: “Clítoris. Relatos gráficos para femininjas”, que aborda como ser feminista hoje, política e desigualdades, masculinidades e identidade de gênero.
Através da Editora Plot! Também aconteceu o sorteio do álbum “Peek a Boo – A Masmorra dos Coalas” produzido por Psonha. Trata-se de uma história em quadrinhos, com ilustrações supercoloridas e divertidas contando a história de uma menina se perde numa floresta com a gata e encontra um vampiro. O álbum direcionado ao público infanto-juvenil foi lançado na Flip 2017, realizada no mês de agosto.
Entretanto o ponto alto d’O Grito das Minas nas HQs foram os bate papos. Abrindo os trabalhos tivemos o assunto “A trajetória da revista argentina Clítoris” comandado por Gabriela Borges. Em seguida Germana Viana falou sobre a Pagú Comics e seu premiado trabalho As Empoderadas. Mais tarde foi a vez de Dani Marino abordar o excelente tema “Como as mulheres estão mudando o mercado de quadrinhos”.
Achamos importante abrir um espaço para apresentar os mini currículos das participantes dos debates do evento, para dar uma ideia exata de o quanto elas são engajadas no universo dos quadrinhos:
Gabriela Borges: Criadora da Mina de HQ, é jornalista e mestre em Antropologia. Sua tese tem como tema de investigação a representação da mulher e os discursos de gênero nas historietas argentinas, com uma análise da Revista Clítoris, publicação de quadrinhos e feminismo. É também coordenadora de mídias digitais das publicações Trip e Tpm.
Germana Viana: Pernambucana que mora em São Paulo, é desenhista e roteirista, autora de Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço e integrante do coletivo de quadrinhos CBGibi. Vencedora do Troféu HQMIX em 2017 por As empoderadas, título de super-heroínas para o selo Pagu Comics, da Social Comics. Trabalha ainda como ilustradora, letrista e designer para editoras como a Panini e Jambô.
Dani Marino: Formada em Letras, atualmente cursa o Mestrado em Comunicação na Escola de Artes e Comunicação da USP e pesquisa como as mulheres estão mudando o mercado de quadrinhos. É integrante do Observatório de Quadrinhos da ECA/USP e da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial – ASPAS. Também colabora com outros sites de cultura pop e quadrinhos como Minas Nerds, Iluminerds e Quadro-a-Quadro.
O Grito das Minas nas HQs! Rolou durante a tarde toda com os temas oficiais e logo em seguindo com um bate papo mais informal entre as expositoras e o público presente. Que outra iniciativas como essa venham trazer espaço merecido à mulheres no mercado de quadrinhos!
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