Dia 22 estreou mundialmente Heartstopper, produção da See-Saw Films para a Netflix baseada na webcomic original homônima de Alice Oseman, e não poderia ser menos que um sucesso de crítica garantido. Se o streaming vinha passando por uma fase de opiniões mistas sobre alguns lançamentos mais recentes voltados ao público adolescente e jovem adulto, Heartstopper brilha ao ser fiel ao material original, porém também surpreende com novidades muito bem vindas ao roteiro — mas aos que ainda se perguntem, trouxemos alguns bons motivos para te convencer do porquê largar tudo e começar a assistir!
Diálogos realistas para adolescentes de verdade
Uma das principais dificuldades ao escrever uma obra é criar diálogos que o público consiga enxergar como reais. O texto da comic de Alice Oseman tem a sorte de ter sido escrito por uma autora muito conectada com os jovens: Começando pelas referências e piadinhas, até as conversas sobre assuntos sérios são construídas de forma que poderiam muito bem ter saído da boca de pessoas reais.
E tratando-se de Netflix, não faltam memes comparando os corpos daqueles nos papéis adolescentes e a sua representação irreal de jovens em idade escolar, seja na aparência, hábitos e modo de falar. Nada disso é um problema para Heartstopper: Não só o elenco foi escolhido a dedo e conta com desde atores relativamente novatos muito competentes, como também nos traz a refrescante Olivia Colman entre os veteranos.
Além disso, se histórias para adolescentes que só giram em torno de drogas e sexo — que são, aliás, temas muito importantes — são algo do qual o espectador foge, há aqui em Heartstopper um espaço especial para ver sozinho, com a família ou mesmo para os pais e familiares de LGBT preocupados em entendê-los melhor; a série é didática simplesmente por ser natural — sem longos discursos, mas sem deixar de martelar na ferida — e ainda ser leve!
É apaixonante
Seja se tratando de cada um dos três casais principais, a fofura transborda nas telas, seja pelos efeitos especiais que lembram os quadrinhos, quanto pela fotografia deslumbrante, idílica, capaz de fazer a audiência esquecer que no mundo há homofobia, sexismo, Domingão com Huck e miojo sabor feijoada — e fazendo parte ou não do que se imagina como público alvo, a experiência de acompanhar o amadurecimento de Charlie, Nick e amigos é um exercício de se permitir viver de coração aquecido e também de imaginar um mundo melhor.
Heartstopper de fato não inova ao criar um novo tipo de narrativa, e meio a um mercado cada vez mais saturado de romances, há de se perguntar o porquê de todo esse frisson. O destaque da série reside justamente em reapresentar antigos clichês em uma roupagem extremamente atual, não é um romance vitoriano à Bridgerton, ou outro tanto-faz do Nicholas Sparks. Os adolescentes usam celular como parte fundamental da história e acompanhamos parte de suas vitórias e angústias através de seus aparelhos. Entretanto, não somente: Seus gostos e estilos também se refletem nos personagens, que têm vidas e problemas próprios além de uma trama romântica — o que não deixa de capturar muito bem uma faceta do jovem moderno.
Uma adaptação impecável
Atravessando as mudanças sutis de roteiro, que introduziram no geral algumas melhorias e plots dentro das lacunas do original, Heartstopper vai do primeiro capítulo ao final do terceiro volume da comic como um storyboard. É claro que há algumas questões que foram preteridas em favor de outras aparecerem na tela, contudo, dessa vez deve-se dar os louros para a Netflix por, enfim, não apenas pegar e trazer para a televisão uma obra muito querida, como também aprimorá-la dentro de suas limitações.
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