Apresentações ocorrerão nos dias 19 e 20 de outubro. Montagem ganhou no Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015
Com apresentações únicas no Teatro Cacilda Becker nos dias 19 e 20 de outubro, o espetáculo “Retrópica” é um solo de dança que joga suas luzes sobre o Brasil e a Antropofagia Cultural. Em cena, a performer paulistana Mari Paulaatualiza esse conceito ao ressignificar, através do corpo, ações cotidianas e ao apropriar-se de um acontecimento cultural. Os ingressos custam a partir de R$ 10.
Contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna em 2015, o espetáculo é fruto de uma pesquisa da artista com base na antropofagia cultural que, por meio da dança e da música, toca no hibridismo existente entre alguns elementos da cultura brasileira e da península ibérica.
“Nós temos uma cultura tipo exportação, muitas vezes reduzida a uma única estética, sinônima de samba, Carnaval e clima tropical”, reflete Mari Paula, diretora, performer, coreógrafa e bailarina que atualmente vive entre o Brasil e a Espanha. Com este trabalho, ela pretende “retropicalizar”‘ a ideia de cultura e lembra que, antes de tudo, o Brasil é resultado de influências misturadas, que começam com a divisão do território entre Espanha e Portugal pelo Tratado de Tordesilhas, em 1492.
“O Brasil não foi descoberto por um fidalgo navegador e sua caravela. A colônia Brasil descendeu de um tratado que, em sua bula papal, estipulou que o leste de uma linha meridional seria ‘redescoberto’ por Portugal e o oeste dessa mesma linha ficaria para a Espanha”, resume Mari Paula. Segundo ela, os corpos brasileiros se movem e agem sob essa influência histórica, o que repercute em uma produção artística nem sempre originalmente nacional.
Para Mari Paula, “Retrópica” é uma performance de dança antropófaga que devora samba, bossa nova, taconeo flamenco e se reinventa em uma dança que rompe com o imaginário que defende a cultura como algo hermético. “É uma sugestão, um convite a novos procedimentos de criação em dança, com interesse em desestabilizar o homogêneo e as hierarquias que empobrecem as experiências corporais”, define.
Assim, a artista propõe, através de sua dança, manifestar a influência que existe entre culturas friccionadas além do tempo e das fronteiras. “Enfrentar não somente a cultura, mas também o corpo como um ato antropófago, permite a imersão em territórios desconhecidos e produz situações artísticas desde o etéreo. Trata-se de uma eterna reflexão sobre os processos de pensar-fazer corporal”, completa Mari Paula.
“Retrópica” estreou nacionalmente em agosto de 2017 em Curitiba e acaba de ser apresentado em Recife. Fora do país, já passou por três continentes, em salas e festivais da Alemanha, França, Espanha, Moçambique e Uruguai. Ainda este ano, há apresentações em Moçambique, na Bienal de Kinani, em Maputo. O espetáculo contou com a colaboração dos seguintes artistas brasileiros e espanhóis: Leonarda Glück, Giorgia Conceição, Ángela Donat, Ricardo Nolasco e Airton Rodrigues.
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