Rock In Rio 2022: O encontro das gerações 80 e 00 com Capital, Billy Idol e Fall Out Boy

Bandas tocaram no Palco Mundo do Rock in Rio, antecedendo o Green Day

O quinto dia de Rock In Rio 2022 foi marcado pelo encontro de gerações no Palco Mundo. Teve Rock Brasil anos 80 representado pelo Capital Inicial, pós-punk inglês de Billy Idol, e o rock millenial do Fall Out Boy.

Veteranos de longa data

O Capital já é um velho curinga do festival. Noite do Rock? Coloca Dinho Ouro Preto, Fê e Flávio Lemos e Yves Passarell em campo que eles sempre darão conta. É assim desde 2001, quando abriram a última noite do evento (em que os Red Hot Chilli Peppers se apresentariam como headliners).

O show da última sexta-feira foi o ponto de partida da turnê de 40 anos de banda. “Quatro Vezes Você” abriu o setlist, que, como de costume, enfileira os hits dos anos 80 como “Independência”, “Veraneio Vascaína”, “Música Urbana” e “Fátima”, juntamente com aquelas que ficaram famosas no “Acústico MTV” – que trouxe a banda de volta ao estrelato depois de oito anos de quase ostracismo – “Natasha” e o cover de Kiko Zambianki “Primeiros Erros”.

O cover de “Que País É Esse” da Legião Urbana foi precedido de um discurso contra o atual governo, sem citar nomes, com Dinho dizendo que não vai ter golpe e defendeu a democracia. “À Sua Maneira”, o cover em português do Soda Stereo encerrou a apresentação animada e enxuta.

Maestro punk do baile da saudade

A segunda atração do palco principal foi o grande arroz-de-festa da mídia brasileira. Billy Idol é honesto. Seu show é declaradamente um bailão da saudade. Ouvir a introdução de “Dancing With Myself”, que abriu os trabalhos, abre um sorriso no rosto nostálgico. Ela é seguida de “The Cradle of Love”, quando nos damos conta de que os cabelos espetados são os mesmos, mas a voz… que diferença… para pior, é claro.

O show teve problema técnico no hit “Eyes Without a Face”, em que Billy e o guitarrista Steve Stevens não ouviam seus pontos e precisaram reiniciar. E demorou para a música engatar. Quando foi possível, já na terceira tentativa, foi retomada de onde parou para não tomar tempo.

“Mony Mony” também enfrentou problemas técnicos. O microfone estava desativado na primeira estrofe. Idol percebeu que não era a noite dele. No fim da música, disse “eu não estou nem aí pra nada porque aqui é o Rock In Rio”, tentando animar a plateia, e a si próprio. Novas composições como “Fleshy Fantasy” e “Cage” deram o respiro de novidade entre os clássicos. Dentro do clima nostálgico houve espaço até para o tema de Top Gun na guitarra de Stevens.

É óbvio fazer a observação de que Billy Idol não está em sua melhor forma. Aos 66 anos, até demonstra boa forma quando tira a camisa como nos anos 80 e 90, a música ainda tem punch, como se pôde ver em “Rebel Yell”, que fechou a apresentação. Mas a armadilha da caricatura foi inevitável, uma vez que ele já era visto como tal quando estava em seu auge. No entanto, para quem nunca viu, não deixa de ter sido válido.

Festinha da geração millenium

O Fall Out Boy fez sua segunda participação em Rock In Rio (a primeira foi em 2017, quando o festival se mudou para o Parque Olímpico) e não fez feio. Muita gente ainda se deslocava do Palco Sunset, onde Avril Lavigne acabara de se apresentar, quando “The Phoenix”, que deu início ao show, já estava quase terminando (que haja um intervalo mínimo entre o final de uma atração do Sunset e o início de outra no Mundo na próxima edição). “Sugar, We’re Going Down”, a segunda, abriu caminho para os hits “Irresistible” e “Uma Thurman”, que engrenaram a festinha millenial.

O show foi uma chuva de hits, com muita irreverência e interação com a plateia, deixando todo mundo já no clima do que seria o Green Day dali a pouco. Antes de iniciar “Save Rock and Roll” guitarrista pediu que a plateia acendesse os celulares.

“Last of the Real Ones” foi tocada com um piano em chamas. Em um dado momento, o guitarrista pediu para abrirem uma roda do lado direito e do lado esquerdo.

A já clássica “Thnks fr the Mmrs” foi acompanhada com entusiasmo pelos fãs da banda, tanto os de primeira hora quanto os mais casuais. “Saturday” encerrou a apresentação, com o guitarrista descendo para um contato com o público. Mais uma vez o Fall Out Boy cumpriu a contento o papel de preparar terreno para o headliner. Sem mais, sem menos.