Lenda do rock britânico encara os desafios da idade enquanto se despede dos palcos após seis décadas
A voz potente de Roger Daltrey moldou a trilha sonora de gerações. Aos 81 anos, o vocalista do The Who continua entregando energia e paixão no palco — mas admite, com uma honestidade comovente, que o fim está próximo. Em entrevista recente ao The Times (via Metro), Daltrey falou sobre os desafios físicos de estar na estrada novamente, enquanto a banda se despede dos palcos após mais de meio século de história.
“Vou fazer 82 no ano que vem. Felizmente, minha voz ainda está ótima. Continuo cantando nos mesmos tons, ainda bem alto, mas não sei se vou chegar em outubro”, disse o cantor. A declaração, longe de soar derrotista, carrega a lucidez de quem conhece profundamente os altos e baixos da vida em turnê — especialmente quando o corpo já não responde como antes.
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Daltrey enfrentou uma meningite há nove anos que afetou sua capacidade de regular a temperatura corporal. “Sempre que canto em clima acima de 24 graus, fico ensopado de suor. Isso drena os sais minerais e o risco de ficar muito doente é real.” E os problemas não param por aí: o cantor também sofre com degeneração macular, condição que compromete sua visão. “Uso óculos escuros porque não tem cura. Me perguntaram se uso teleprompter no palco. Mas pra quê? Não enxergo nada mesmo!”, brinca com o humor afiado que o acompanha há décadas.
Mesmo com perda auditiva — que, segundo ele, começou ainda nos tempos de fábrica, antes mesmo dos lendários amplificadores do The Who — e agora lidando também com a visão debilitada, Roger recusa qualquer tom de despedida melancólica. “Quero entregar essas músicas com a mesma paixão de quando as cantei pela primeira vez.”
Daltrey também apontou um desafio adicional nessa reta final: o companheirismo nem sempre constante de Pete Townshend. “Não é fácil quando você tem um parceiro que pode ser ambivalente quanto a isso”, confessou. O guitarrista e principal compositor da banda já expressou publicamente sua apatia em relação a turnês, descrevendo a rotina como mais obrigação do que prazer. Mas, como Daltrey brinca, “ele fala isso… até estar lá no palco — e ele adora o dinheiro”.
Com o humor ácido que o caracteriza, Daltrey relembra os primeiros anos da banda. “Olha para os shows do The Who no início. Toda noite era uma guerra. Foi assim que a gente fez essa música acontecer. Não vamos virar a p**** do ABBA da noite pro dia, né?” O comentário, espirituoso e provocador, traduz não apenas o espírito contestador que sempre definiu o The Who, mas também sua recusa em suavizar a intensidade que moldou a trajetória da banda.
Com uma carreira que atravessa mais de seis décadas, o The Who é considerado um dos pilares do rock britânico e mundial. Surgido nos anos 1960 em meio à efervescência da cena de Londres, o grupo rapidamente se destacou pela combinação explosiva da voz poderosa de Roger Daltrey, a genialidade criativa de Pete Townshend, a fúria rítmica de Keith Moon e a precisão do baixista John Entwistle.
Álbuns como “Tommy”, “Who’s Next” e “Quadrophenia” não apenas redefiniram o conceito de ópera rock como consolidaram a banda como referência em inovação sonora e intensidade nos palcos. Em 2017, os brasileiros tiveram a chance histórica de testemunhar essa energia de perto, quando o The Who se apresentou pela primeira vez no país, com shows em São Paulo, no São Paulo Trip, no Rock In Rio no Rio de Janeiro, e em Porto Alegre — uma visita aguardada por décadas e celebrada por fãs de várias gerações.
Imagem Destacada: Divulgação/The Who (via Instagram)
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