Qual o melhor disco dos Rolling Stones?
Na última sexta-feira foi lançado o novo disco dos Rolling Stones que vem sendo festejado como o melhor em muitos anos. De fato Mick Jagger e Keith Richards, junto com Ronnie Wood (esse é o primeiro trabalho sem o baterista Charlie Watts, que aparece em duas faixas) fizeram um certeiro tratado rock com “Hackney Diamonds”. Mas ainda assim não podemos incluí-lo entre os dez melhores trabalhos da banda. Quais são eles? Confira abaixo:
10. Their Satanic Majesties Request (1967)
Aqui fazemos justiça ao álbum de 1967 (o segundo que a banda lançou naquele ano). Foi acusado de imitar “Sgt Pepper’s” dos Beatles, reforçando a maledicência que os Stones copiavam seis meses depois tudo o que os Beatles faziam, e essa incursão pelo psicodélico foi por muito tempo considerado um dos trabalhos menos inspirados da banda. Mas como assim dizer que um disco que traz “She’s A Rainbow”, “In Another Land” e “2000 Light Years From Home” é fraco?
9. Some Girls (1978)
O álbum mais vendido da banda, a reboque do sucesso “Miss You”. Malandramente, os Rolling Stones embarcaram na Disco para o primeiro single (como muitas bandas naquele período incluindo o Kiss), mas o álbum é bastante rock n’ roll. Há desde petardo como “Respectable” (supostamente feita para Bianca Jagger, de quem Mick estava se separando), à folk com pitada de ironia “Far Away Eyes”, com Mick Jagger encarnando um locutor de rádio gospel.
8. Tattoo You (1981)
O disco de 1981 é impecável. Tanto que é incrível imaginar que esse trabalho é um reaproveitamento de músicas que ficaram meio inacabadas nos anos 1970. Justamente porque as canções são superiores a várias lançadas em meados daquela década que nos causa espanto terem sido limadas dos álbuns em que constariam. Clássicos como “Start Me Up”, “Hang Fire”, “Waiting On a Friend”, “Little T&A”, não poderiam mesmo ficar fora do conhecimento público. Que bom que esse erro foi reparado.
7. The Rolling Stones (1964)
Um dos melhores discos de estreia de todos os tempos, sem a menor dúvida. Assim como “Please Please Me” dos Beatles, esse debut dos Stones mostra uma banda jovem, com muita energia e ambição, com fome para devorar o mundo. É impossível não se contagiar pela vibração dos rapazes. Era um álbum quase todo composto de covers de blues e rythm n’ blues, é verdade (com exceção de “Tell Me”, composta por Jagger e Richards), mas as versões de músicas como “Route 66” e “I Just Wanna Make Love To You”, “Honest I Do” e “Mona” eram revestidas de tanta personalidade que tinha peso de trabalho autoral, já adiantando o que estava por vir.
6. Out of Our Heads (1965)
O álbum marca o fim da primeira era dos Stones. Mesmo que ainda se apoiassem em covers, como as ótimas versões de “Mercy Mercy”, de Don Covay, e “She Said Yeah” (Sonny Bono e Roddy Jackson), o álbum já mostrava o poderio bélico das composições de Jagger e Richards em “I’m Free”. Vale lembrar que na versão norte-americana do álbum trazia outras composições da dupla como utras composições da dupla como “The Last Time”, “The Spider and the Fly” e o hit absoluto “(I Can’t Get No) Satisfaction”, o que, obviamente alavancou as vendas.
5. Aftermath (1966)
É o primeiro álbum composto 100% de músicas assinadas por Jagger e Richards. Transpirando o espírito da Swinging London, é um disco audacioso no seu experimento pop, antecipando o que seria tendência naquela segunda metade dos anos 1960. A versão americana abre com “Paint It Black” (na Inglaterra saiu apenas como single), um dos maiores clássicos da banda que contava com elementos indianos (o guitarrista Brian Jones tocando cítara) e uma letra niilista. Hoje a linha inicial de “Mother’s Little Helper” soa até irônica (“What a drag it is getting old”). Em meio ao espírito de ousadia juvenil, há espaço também para a balada pop barroca “Lady Jane”.
4. Sticky Fingers (1971)
Eram os Stones em seu auge. Talvez ainda sob efeito da tragédia de Altamont em 1969 – aquela tentativa (mal) organizada de imitar Woodstock que terminou em morte de fã esfaqueado por Hell’s Angel que fazia a “segurança” – a banda entrou em um período de letras sombrias, que refletiam sobre os perigos da vida. A faixa “Sister Morphine” pode ser considerada o exemplo mais emblemático. Do riff arrepiante de “Brown Sugar” ao belíssimo uso de cordas em “Moonlight Mile”, era notória a urgência de se afirmar como a maior banda de rock’n’roll do mundo, ainda mais sem a concorrência dos Beatles, que acabaram de terminar.
3. Let It Bleed (1969)
O álbum tem como abertura uma das canções mais épicas já feitas na História do rock: a dramática com inspiração gospel “Gimme Shelter”. É apenas o abre-alas para a acintosa “Live With Me”, a faixa-título com seu saboroso piano honky, o épico blues de bar “Midnight Rambler”, o tom desiludido de “‘You’ve Got the Silver” com Richards nos vocais, “Monkey Man” e finalizando com hino de autoajuda “You Can’t Always Get What You Want”. Um disco perfeito em um período turbulento, em que a banda acabara de perder o guitarrista Brian Jones (que aparece tocando harpa em “You Got the Silver” e percussão em “Midnight Rambler”).
2. Beggar’s Banquet (1968)
Se tem uma coisa que os Stones sabiam fazer nesse período era escolher as músicas que abririam os discos. A primeira faixa aqui é a icônica percussão que inicia “Sympathy For The Devil”. Supostamente teria sido inspirada nos atabaques de candomblé que Jagger e Richards viram em sua vinda ao Rio de Janeiro em 1968. Mas há que afirme que a influência vinha de percussionistas caribenhos que tocavam no metrô de Londres. Depois da viagem psicodélica de “Their Satanic Majesties”, eles preferiram voltar à raízes do rock e do blues. Daí saíram “Jigsaw Puzzle” a malcriada “Stray Cat Blues” e “Street Fighting Man”. Destaque também para “No Expectations”, que traz um magistral slide de Brian Jones no último disco da banda lançado com o guitarrista em vida. A polêmica característica dos Stones ficou por conta do banheiro pichado que estampava a capa do álbum e foi censurada no Estados Unidos, onde a capa mostrava apenas o nome da banda e do álbum.
1. Exile On Main St. (1972)
Fugindo do fisco inglês, a banda resolveu se refugiar na Riviera francesa. Parecia que não sairia boa coisa dali. Um clima desleixado, muita festa, bebedeira e uso de drogas. Mas na hora de começar a gravar e a inspiração tomou conta, vieram composições de qualidade ímpar. Esse que é considerado o melhor álbum dos Rolling Stones (e para muitos o melhor disco de rock já feito) mostra como em situações adversas ou pouco propícias podem surgir as melhores ideias. Exile mais amplitude e uma emoção física mais primitiva, a voz de Jagger lutando por espaço em meio à onda sonora, como se esticasse a mão pedindo socorro. “Rocks Off” e “Tumbling Dice” podem ser as que melhor sintetizam o espírito do disco, mas vale lembrar também como eles soam atraentes em “Shine a Light” e “Loving Cup” e “Torn and Frayed”, e como o revestimento folk cai como uma luva em “Sweet Virginia”. Simplesmente perfeito!
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