Filme “Sexa” é protagonizado e dirigido por Glória Pires e parece uma história repetida
O tema etarismo feminino ganhou destaque no cinema esse ano, principalmente com a indicação do filme “Substância” ao Oscar, pela forma original com que tratou o assunto. O Brasil entrou no debate com o belíssimo “O Último Azul“, embora diversas comédias já tenham popularizado o tema anteriormente, como em “Senhoras“, “Minha Vida em Marte“. O filme “Sexa“, dirigido e protagonizado por Glória Pires, chega aos cinemas contando uma história que parece repetida, com qualidade técnica razoável compensada por grande atuações do elenco pra lá de afiado. Confira a crítica:

Em “Sexa” Bárbara (Glória Pires) está em crise, sentindo o peso da idade com a chegada dos seus 60 anos. Moradora do Arpoador, ela lida com o envelhecimento se dedicando ao trabalho de revisora, cafezinhos com a amiga Cristina (Isabel Filardis) e os problemas com o imaturo filho (Danilo Mesquita) e a nora folgada (Luana Tanaka). Até que, em um encontro casual, conhece Davi (Thiago Martins), um viúvo 25 anos mais jovem, que a deixa dividida entre seguir com a relação ou ceder às pressões sociais e ao controle excessivo do filho.
E o elenco de “Sexa” é praticamente o único ponto realmente de destaque no filme. A química entre o trio protagonista Isabel Filardis, Thiago Martins e Glória Pires é incrível, e dá um andamento interessante ao roteiro, que é simples demais. Filardis é o alívio mais cômico, uma figura segura e excêntrica, em contraste com Glória Pires, com a competência de sempre para dosar a insegurança e o desejo de libertação da personagem. Thiago Martins traz doçura para um personagem que, em mãos erradas, poderia passar do ponto. O casal Davi e Bárbara é tão convincente, que você torce por eles, mesmo ciente das dificuldades de uma relação assim.
Mas o encantamento de “Sexa” termina por aí. O roteiro parece uma história já contada mil vezes, inclusive com o mesmo recorte social já muito explorado no cinema mundial. Uma mulher bem sucedida, branca e estabilizada, que só reflete sobre si mesma a partir de um romance com um homem mais jovem e ainda buscando sucesso profissional, diante das dificuldades de sua vida.
São poucos conflitos entre o casal, deixando o ponto de tensão para relação com o filho ciumento e controlador. Até a cena que se propõe ser reflexiva, com a ilustre participação de Rosamaria Murtinho, se perde ao tentar colocar uma idosa fumando um baseado como se fosse algo novo e descolado, mesmo já sendo uma realidade na Zona Sul carioca. Tecnicamente, a direção estreante de Glória Pires até consegue envolver o espectador em certos momentos, com destaque para a fotografia. No entanto, faltou refino em muitos cortes, prejudicando a narrativa. Além disso, o uso da câmera alta com dois personagens em cena, pareceu cansativo e previsível a certa altura do filme.
Em resumo, “Sexa” é um filme leve e com boas atuações, mas com uma história repetitiva, sem qualquer originalidade e com detalhes técnicos que precisam ser aprimorados. É um filme que futuramente pode estar na “Sessão da Tarde”, mas não será muito lembrado.
Imagem Destacada: Divulgação/Elo Studios

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