Show de Iza no festival foi um dos mais potentes (e memoráveis)
A trajetória de Iza sempre chamou atenção pela consistência artística. Antes de se tornar um dos principais nomes do pop brasileiro, a cantora começou a ganhar visibilidade com covers na internet, revelando não apenas seu vozeirão, mas também sua habilidade de transitar entre estilos. Formada em Publicidade, Iza usou seu conhecimento acadêmico para construir uma das imagens mais bem trabalhadas da cena nacional: sofisticada, potente e com forte apelo visual.
Assim como Ludmilla, Iza esteve presente já na estreia do The Town, em 2023, e retorna agora em 2025 para reafirmar seu lugar de destaque. Se fora dos palcos a relação com parte dos fãs não atravessa sua melhor fase — marcada por cobranças constantes de lançamentos e pela crítica de que “Afrodhit” (2023) foi pouco explorado comercialmente — no festival ela provou, mais uma vez, que quando quer se entregar de corpo e alma, não há quem a segure.
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O show foi um espetáculo teatral em todos os sentidos: cenografia impecável, figurinos belíssimos em referência afrofuturista e uma performance vocal que passeou do pop-funk ao blues de forma visceral. O baile coreografado reforçou o caráter performático da apresentação, transformando o palco em um espaço de catarse. Foi também o momento para apresentar “Caos e Sal”, sua nova faixa, um R&B com elementos de reggae que soou íntimo e caloroso, apontando um caminho interessante para a próxima fase da carreira.
A despeito das brincadeiras com as alcunhas “MC PicPay/Tim/Pesadão”, criadas por fãs que reclamam — com razão — da falta de divulgação de seus trabalhos, Iza ainda consegue mostrar no palco porque é sempre lembrada entre os grandes nomes do novo pop brasileiro.
A força vocal, a teatralidade e a sofisticação estética fazem dela uma artista que ocupa um nicho importante no panteão da panfonia brasileira, fica nosso destaque quando a carioca emendou “Redemption Song” e em seguida parceria com Célia Sampaio, a primeira álbum reggae do Brasil e que lhe deu a bênção, com Iza ajoelhada, após cantarem juntar “Mama África”, em seguida, fechando o que seria uma trinca potente, um cover delicioso de “Vapor Barato” (eternizada nas vozes de Gal Costa e d’O Rappa).
Isso porque dali ela não mais parou: a linha de começo e o fim das músicas foi ficando turva, com os arranjos formando uma grande faixa non-stop que voltou à Bob Marley e “Is This Love”, de repente estávamos em “Jackie Tequila” e Iza fez reverência para Toni Garrido entrar ao palco, compartilhando as faixas “Johnny B. Goode” e “A Sombra da Maldade”.
Quando você achou que ia ter respiro, com uma pausa brevíssima, a própria cantora mal teve tempo de anunciar os próximos convidados porque a batida inconfundível de “They Don’t Care About Us” começou a soar; o Olodum chegou para esse pot-pourri com “Faraó Divindade do Egito” — foi curtinho — e atingiu um novo alto com o coral mandando “Pesadão” em nossa apresentação preferida de sua canção ‘cartão de visita’: dominou o palco, atingiu o êxtase, e aproveitou para agradecer de voz trêmula (a única vacilada na voz o som todo).
“Tô realizando um sonho meu parceiro! [tocar com Olodum]”. Enquanto se despediam, ainda colocou “Brisa” na manga. Ali já estava mais que claro que sua próxima “era” seria inspirada no reggae.
“Posso tocar uma? Só mais uma” — foi o pedido para encerrar com “Gueto”, algo quase anticlimático em um show de altos e altos, afinal, passou muito depressa. O The Town 2025 deixou claro algo que já vinha se desenhando: os melhores shows da edição, em grande parte, vieram dos artistas brasileiros. A apresentação de Iza reafirma não apenas sua potência individual, mas também o momento vibrante do pop nacional, que segue conquistando espaço e se mostrando mais consistente do que muitas das atrações internacionais escaladas como headliners. Fica nosso apelo pessoal para que Iza não pare nunca, e que deem mais espaço para ela na próxima vez.
Imagem Destacada: Divulgação/The Town 2025 (Moriva/)
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