“No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência.” Um pequeno trecho da sinopse que já deixa uma grande pista sobre qual filme que se trata. Você pode ser um grande fã ou não, mas não tem como negar que “Blade Runner – O Caçador de Andróides” de 1982 tornou-se um marco da época e para a história do cinema. Um filme referencial para o gênero que mostra o planeta Terra futurista, apresentado a nós junto aos problemas provocados pelos temidos experimentos com o modelo de replicante Nexus 8.
São 35 anos após a estreia do primeiro, “Blade Runner 2049” ainda está em cartaz nos cinemas. Já pode ser ressaltado que não é qualquer continuação, como aquelas feitas por Hollywood apenas pensando na quantia de dólares que irão entrar e não na qualidade da produção. A sequência desse filme ícone já pode entrar para a lista de queridinho do ano, por seus diversos fatores.
Primeiramente, a sinopse e trailer conseguem mergulhar o espectador de volta a esse universo de um futuro distante e totalmente robótico. Como se não tivesse aprendido com o primeiro filme, lá vem novamente um personagem criar um novo modelo de espécie de replicantes. No entanto, há um porquê para essa história vir a tela. Na mãos de Denis Villeneuve (A Chegada), a direção do longa metragem é de uma completa maestria, que reflete o total estudo e cuidado levando o primogênito em consideração. Uma câmera delicada, inteligente e observacional são as grandes características desse trabalho. Prepare-se para ir para dentro da tela e parar na Califórnia de 2049.
Além disso, é de suma importância ressaltar a jogada da escolha de usar o mesmo tipo de cidade já conhecido do primeiro filme. Os prédios altíssimos, propagandas em led por todos os lados, tempo chuvoso ou nevando e as ruas sobre as sombras desse mundo trazem uma nostalgia do clássico. Por isso, a grande ideia base de sobrepor o artificial ao natural é explicitada através, principalmente, do cenário.
Outra maneira de construir essa obra foi atrás da fotografia. A direção de arte do longa metragem é impecável, contrapondo as cores quentes e frias, que fortalecem as emoções dos momentos em quadro. Cada detalhe está li por um motivo e atraem a atenção para o ritmo mais lento da narrativa, resultando em visões contemplativas e reflexivas sobre tudo que está sendo apresentado aos nossos olhos.
Precisamos também dar os devidos créditos a Ryan Gosling. O ator já havia declarado que era fã do longa metragem de 1982 e foi escolhido a dedo pelo diretor para entrar no papel. No personagem do agente K, o diferencial para o original está que agora ele possui consciência de sua espécie, um replicante. É K quem nos leva por essa trajetória quase que filosófica, muito atém de uma ficção, nos colocando para debater questões como o que é a vida, alma ou racionalidade. Além disso, ficamos apegados e conhecemos as fraquezas de K, assistindo esse crescimento dele na tela.
Sobre essas dicotomias ilustradas de diversas maneiras na história, podemos pensar, principalmente, nas duas espécies: seres humanos e replicantes. Entre elas, há uma barreira invisível, porém perceptível, que, mesmo coabitando os mesmos lugares, estão totalmente apartados (algo bem parecido com problemas que já conhecemos, como o racismo e xenofobia).
No entanto, é só o nosso Indiana Jones, Han Solo ou Deckark. Harrison Ford tem sua tão esperada aparição e faz jus a expectativa. Diferente de algumas franquias, o momento foi construído de acordo o perfeito “timing” e reviravolta da história. Essa mudança é tão visível que chega a desajustar o ritmo, antes lento, do filme. Toda e qualquer ação, embates com vilões ou pequenos efeitos especiais só acontecem após Deckark entrar. A presença do personagem é mais uma peça no grande quebra cabeça do enredo de Blade Runner. Porém, mesmo com todas essas mudanças, a espetacular direção de arte é mantida no trabalho.
Se está em dúvida do que assistir no cinema, não perca a chance de admirar “Blade Runner 2049” na sala escura. A duração pode até espantar, mas cada segundo está ali porque vale a pena.
Por Gabi Fischer
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