Não há nenhum registro mais antigo de manifestação artística no mundo do que o Teatro. Ele data de antes de Cristo e sobreviveu a grandes passagens, fatos marcantes, fazendo e trazendo história. Não fosse o teatro, não fosse a representação, muito do que conhecemos hoje estaria absolutamente perdido no tempo por falta de documentação.
As peças, que antes eram para agradar os deuses, foram se transformando conforme o avanço da humanidade. Deixou de ser um ritual religioso e foi-se abrindo para o público, para o registro histórico. Passamos por várias fases suas, desde as tragédias gregas aos escritos intensos de Shakespeare, pulando alguns gêneros e paramos onde estamos hoje.
Essa espécie de delírio social é feito em todos os cantos do mundo, tem grandes pensadores, retrata como nada pode retratar tão bem a realidade humana. Mas, diria qualquer um, outras artes também falam sobre os seres humanos. Sim, todas as artes retratam, mas cada uma tem sua potencialidade, tem seu fator que os torna único. O teatro é irrepetível. Mesmo que uma peça fique em cartaz e tenha várias apresentações, elas sempre serão diferentes, sempre serão únicas.
A contemporaneidade trouxe novos modos de fazer as coisas. Antes um bom espetáculo era aquele com três vertentes: texto, atores e público. Hoje já existem experimentações que acabam com qualquer ideia fixa. Chegamos aos momentos de testar, seja com textos novos, seja com os antigos. Mas tem sido difícil ultimamente. Todas as áreas culturais são prejudicadas. Já não é santo de devoção, mas quando se aperta o cinto, aí estamos no limbo. Mas, o Teatro ainda respira. Respira na força de grupos como a Cia Os Satyros de Teatro e a Cia Teatro do Incêndio, respira na insistência de Zé Celso, respira nas peças que chamam público, como os musicais Wicked ou Cartola – O Mundo É Um Moinho, respira na vontade que atores e artistas conhecidos ou não têm de fazê-lo, tem de deixá-lo vivo.
Os Satyros tem uma coragem em si que é destemida. Eles veem o Teatro muito mais do que só como representação artística. A companhia deu (e dá constantemente) a oportunidade de todos fazerem Teatro. Coloca em suas peças pessoas que estão à margem da situação e as deixa serem protagonistas. Colocam o dedo onde querem colocar, sem desculpinhas ou melindres, como o espetáculo premiado da foto acima, Pessoas Perfeitas. À parte disso, também apostam em diferentes festivais, como o Satyrianas que acontece todos os anos em São Paulo.
Mas, há texto para todos os gostos. Com a liberdade adquirida nos últimos anos, até vilãs ganharam seu próprio musical, como é o caso da Buxa Má do Oeste das histórias de O Mágico de Oz. Em Wicked, a Elphaba passa de vilã, para quase mocinha, mostrando seu ponto de vista. O musical, que fez sucesso gigantesco em Nova York, ganhou muitas versões em outros países, como aqui no Brasil, que ficou com uma montagem extremamente bonita, bem cuidada e com versões maravilhosas para as músicas.
Ainda que hoje as pessoas tenham diversas outras fontes de entretenimento, o Teatro ainda respira, ainda vive. Ele é feito com graça, com garra, com história de quem quer mais do que ser repetido. Uma peça nunca é igual em duas apresentações porque nunca é o mesmo público. O Teatro ainda está aí, não apenas para ser histórico, mas também para ser atual.
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