Terceiro filme da série, “Vivo ou Morto”, o novo mistério do detetive de Daniel Craig envolve fé e razão
E lá se vão seis anos desde que o detetive Benoit Blanc surgiu nos cinemas com o primeiro “Knives Out – Entre Facas e Segredos” (2019) e agora tendo sua produção cooptada pela Netflix, o maior streaming do mundo, nos dois últimos filmes, seu criador, roteirista e diretor Ryan Johnson junto com o astro Daniel Craig (ex-James Bond) retornam para um novo filme em “Vivo Ou Morto: Um Mistério Knives Out”.
Agora numa mistura de razão versus religião, o detetive bonachão e brilhante chega em mais uma cidadezinha do interior, em busca de inspiração para mais um caso em sua galeria vitoriosa.
Após o assassinato do Monsenhor Wicks (Josh Brolin), um visceral religioso que controla com mãos de ferro sua paróquia, a chefe de polícia local personificada na atuação de Mila Kunis, recruta Benoit para descobrir quem o matou e, como sempre, o maior trunfo do filme é o elenco.
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Com Daniel à frente com um visual totalmente diferente dos filmes anteriores, demora mais de trinta minutos para que o atro apareça, pois o roteiro faz questão de preparar o terreno com toda rotina e peculiaridades de uma cidade pequena dominada pela religião, mas quando surge é de um charme e competência únicos o que já se tornou praxe na carreira do ator.

Mas o verdadeiro trunfo e quem rouba a cena é Josh O’Connor (“Rivais”, 2024) como o jovem e ingênuo Padre Jud Duplenticy (que nome é esse, Ryan?), um ex-boxeador que tem uma culpa enorme após um combate que deu errado.
Sensível, mas resoluto ao mesmo tempo, é o contraponto perfeito ao belicoso e truculento Monsenhor Wicks, que estava começando a escalar passos na política e, claro, ao detetive que só se ajoelha “ao altar da razão”.
Jud é a personificação da fé em momentos turbulentos e, na maioria das vezes, a calmaria na tempestade que se aproxima daquela comunidade, agora em crise e é pelos seus olhos de forasteiro bem intencionado, mas mal interpretado, que acompanhamos sua via crucis (opa, não resisti), pois se torna o principal suspeito do assassinato como se quisesse usurpar o lugar do líder religioso.
A brincadeira com o título da crítica é menção ao filme de mesmo nome “Fé Demais Não Cheira Bem” de 1992, onde um charlatão interpretado por Steve Martin engana uma comunidade para ter ganhos financeiros e é o mesmo que ocorre em Vivo Ou Morto, mas de uma forma mais sombria, pois envolve manipulação da fé, da esperança e da possibilidade de redenção daqueles que se apoiam em uma religião ou líder para seguir e purgar suas transgressões, sejam fanático(a)s ou interesseiros, que usam a religão para ganhos pessoais.
O filme muito bem realizado faz algo mágico com a fotografia, principalmente em um debate entre Benoit e o Padre Jud quando uma luz que invade a igreja por um vitral brilha e escurece à medida que cada um vai argumentando em torno do mistério da fé e colocam seus pontos de vista em relação a vida que levam.
Voltando ao astro principal, Daniel Craig demonstra com talento e alguns cacoetes, que se trata do mesmo personagem dos filmes anteriores e que repete algumas ações como ajudar pessoas “na hora errada” e assim, segue divertindo com seu personagem fascinante, um prodígio em se ter dois personagens de franquias na carreira.

Glenn Close também está estupenda como sempre, como a carola e portadora de todos os segredos Nat. O restante do elenco cumpre bem suas funções.
No decorrer do filme e na resolução do mistério, infelizmente a resolução é a menos impactante dos três e tem bons atores desperdiçados, especialmente Andrew Scott e Cailee Spaeny, que recentemente demonstraram muito mais talento, mas aqui são relegados a meras ferramentas do roteiro.
Divertido e faz pensar em questões que são importantes e necessitam de reflexão sobre religião e pensamentos divergentes, mas o que era uma grande novidade no cinema está aos poucos se tornando formulaico e precisa caminhar para uma evolução, pois com diversos lançamentos por semana nos streamings mundiais, Knives Out é uma ótima adição, desde que se destaque dos demais.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix

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