Sequência do musical padece dos mesmos defeitos do 2º ato de “Wicked”, do qual se baseia
Ela está chegando! “Wicked: Para Sempre” (ou “Wicked: Parte 2”) estreia nos cinemas brasileiros dia 20 de novembro, mas nós da Woo! Magazine já fomos acompanhar esse que promete ser um dos grandes eventos do audiovisual da década e viemos te contar nossas impressões, sem spoilers, do filme que, antecipamos, muito provavelmente estará batendo carteira na próxima temporada de premiações.
A bruxa está solta em Oz
Como uma sequência quase de direta do primeiro, o segundo longa se inicia — sem spoilers, prometemos — com a construção da Estrada dos Tijolos Amarelos, que irá levar Dorothy e seus companheiros até o Mágico. Esta cena é muito importante e nos demos essa pequena licença de contá-la porque a abertura do filme dita o seu tom.
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Enquanto o telespectador provavelmente conhece a opulência da estrada pela visão fantástica do clássico “O Mágico de Oz” (1939), o musical apresenta como a tirania do Mágico está em plenos pulmões agora que Elphaba foi declarada inimiga pública e é utilizada como bode expiatório. Animais, cuja fala foi removida, são amarrados e usados como veículos de tração para expandir a Estrada — todos os caminhos devem levar a Oz — uma visão triste e cruel.

Claro que ela viria, a Bruxa Má do Oeste, Elphaba é a quebradora de correntes que vem para bater o gongo e trazer alívio aos miseráveis, mas não por muito tempo. As coisas estão mudando rapidamente e o mundo como ela e sua parceira Glinda conhecem está ficando para trás. “Wicked: Para Sempre” é a coroação desse destino perverso.
Enquanto no livro vemos como nossa bruxinha entra em uma espiral de loucura até ser vencida pelo cansaço, “Wicked II” segue os passos da adaptação teatral na defesa da bondade de nossa vilã, e no processo acaba perdendo certas nuances — o que é do direito das produções enquanto materiais independentes.
Eles estão ali: a maquiagem indefectível — Cynthia Erivo que o diga — os figurinos e o apelo ao exagero teatralesco que dão todo o charme (até mesmo na linguagem dos ozianos), e, pelo que tudo indica, eles estarão páreo na briga também no Oscar de 2026; disso não há o que contestar, nossos parabéns à equipe técnica.
Agora, precisamos ter uma conversa sobre a parte dois.
Desafiando a gravidade (de novo)
Como alguém que teve contato com as outras fontes, esse quem vos fala não é nem um pouco fã de dizer “no livro/na peça/no jogo (…) estava melhor”, porque é pedante e dificilmente leva a lugar algum, mas no que nos diz respeito Wicked 2 fez escolhas muito acertadas e que inclusive corrigem problemas já presentes na versão para teatro, contudo, sem grandes riscos.
O principal problema contornável da sequência — embora caiba também ao primeiro — é a sua literalidade. Estamos diante de um mundo fantástico, mágico, tudo brilha e exala camp de uma forma de se encher os olhos — ver Wicked nas telonas é uma experiência! — porém essa criatividade não aparece igualmente na forma de apresentação.
Seja pelos jogos de câmera ou na costura narrativa essa história é uma história que você já conhece; e as lentes do diretor fazem questão de martelar a semiótica de Elphaba como uma coitada, heroína incompreendida, em recortes bem novelescos — o que funciona, também não sejamos presunçosos, contudo está lá menos pela visão artística e mais pela mecanicidade do cinema blockbuster — o que é uma pena, porque, reiterando, os visuais são um espetáculo.

Problema parecido fica para o enredo (já problemático na fanfic/livro de Gregory Maguire), que desemboca em uma história de origem vergonhosa — essa parte o longa de Jon Chu segurou bem, de se manter o telespectador na cadeira durante toda a jornada. Há uma certa revelação pelo fim da segunda metade que deve pegar alguns desprevenidos, mas é esfregada na cara do público com a sutileza de um tornado vindo do Kansas.
No limite de fazer uma crítica social há uma cena com paralelismo com o longa “O Grande Ditador” (1940), e Wicked é cheio dessas gracinhas, acreditamos que o filme dá um belo pano para discutir essas representações na mídia — como pela escalação de uma atriz negra na representação da protagonista outcast — ainda que sempre de forma domada, uma rebeldia mais performática do que de fato coerente, e ousada.
Nesse vaivém com cidadãos sob o protetorado do mágico, revoltados, não passa despercebido o talento da dupla Ariana Grande e Cynthia Erivo; alinhamento celeste aqui, papéis da carreira, duas vozes angelicais que seguram cada número — embora os do ato dois não sejam tão emocionantes quanto os do primeiro, aqui e ali uma repetição do motif de Defying Gravity.
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Dessa vez, a produção vem com artilharia de fogo para a temporada de premiações: são duas canções originais, “No Place Like Home” e “The Girl in The Bubble”, essa última mais fraquinha, mas que, comparado ao Academy Awards desse ano, ambas teriam rapado a premiação fácil — não que lá a barra estivesse das mais altas (alô, Emilia Pérez).
Em retrospecto, é um filme muito divertido, o segundo ato é naturalmente menos gostado pelos fãs e aqui não seria diferente, mas a produção fez um bom trabalho com certas lacunas e deve surpreender positivamente os mais céticos — e, como de se esperar, é um show audiovisual que merece ser visto nos cinemas. É tão legal quanto a parte um? Certamente não, mas são duas horas muito bem gastas.
Imagem Destacada: Divulgação/Universal Pictures

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