As musas são tão cruciais para certos artistas quanto sua própria arte, pois, para alguns, sem a musa, a criatividade não se manifesta. Imagine, então, a complexidade da vida do artista se essa musa também for o amor de sua vida. Isso é precisamente o que aconteceu com Pierre Bonnard, o pintor pós-impressionista cuja obra foi consideravelmente influenciada por Marthe de Méligny. Ela iniciou como modelo para as pinturas de Pierre e posteriormente tornou-se sua esposa, além de sua principal fonte de inspiração.
A história do casal é contada em “A Musa de Bonnard”, filme dirigido por Martin Provost. Apesar de baseada em fatos interessantes, a narrativa adota uma abordagem clássica que, em conjunto com um roteiro que não pode se desviar muito da biografia do pintor sem descaracterizá-la, insere o filme na grande prateleira da banalidade. Cinematograficamente, há poucos momentos de destaque, como aqueles que mostram a criação das obras através das pinceladas nas telas e dos traços nos cadernos de esboços. Nessas cenas, a câmera está intimamente próxima dos atores, proporcionando uma conexão peculiar entre os personagens e o espectador, ao mesmo tempo em que permite a apreciação dos detalhes das pinturas.
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Outro ponto de destaque é a atuação de Cécile de France, que consegue retratar tanto a mulher entusiasmada pelo amor recente quanto a amargurada que se sente aprisionada em um casamento repleto de mentiras e traições. Sim, Bonnard, apesar de ter seu nome no título, não é o heroi aqui. Em alguns momentos, poder-se-ia até mesmo considerá-lo um vilão cruel e libertino, que trai sua musa sem hesitação, utilizando outras amantes como meros objetos de inspiração e prazer. O intérprete de Bonnard, Vincent Macaigne, contribui para essa aura descompromissada e irresponsável do pintor, apresentando um ar blasé, como se nada ao seu redor importasse além de seus próprios desejos e sua arte.
Entretanto, como mencionado anteriormente, o que prevalece em “A Musa de Bonnard” é a mediocridade. A direção, fotografia e roteiro seguem caminhos tão convencionais que tornam difícil acompanhar o filme do início ao fim. Nada nele se destaca como excepcional, mas tampouco é propriamente ruim. Assim, o espectador se encontra em uma posição neutra, sem muito o que comentar quando os créditos finais começam a rolar na tela. É claro que, para os amantes da arte e da história, a jornada de Pierre e Marthe pode ser interessante, porém a forma como essa jornada é retratada é tão convencional que até mesmo o entusiasta pode abandonar a obra antes do desfecho, infelizmente.
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Consequentemente, pouco se retém do filme após o término da exibição, e ele provavelmente será apagado da memória do espectador em poucas horas. Isso é lamentável, considerando-se que se trata de um artista importante na França, que buscava um estilo de arte inovador, especialmente após seu encontro com uma mulher inspiradora. É curioso observar que o filme, concebido para relatar essa história, opta por seguir por caminhos bem mais tradicionais e conservadores.
O filme estreará em cinemas selecionados em 6 de junho.
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