Cineastas de todo o mundo protestaram na Berlinale, e foram acusados de antissemitismo
Recentemente, a 74° edição do Festival de Berlim foi palco de um debate político. O que, claro, não é surpresa. Artistas de todo o mundo congregaram exibindo seus filmes que muitas vezes possuem mensagens potentes com viés humanitário. Microfones de todo o mundo estão apontados para esses criadores e formadores de opinião, e todos eles têm uma opinião quanto ao conflito entre Israel e Palestina. E todos eles foram acusados de antissemitismo.
Israel atualmente está em uma ofensiva contra a palestina que empilha mais de 30.000 mortos, entre eles crianças e enfermos, atacando hospitais em novembro, e em seguida cometendo diversos crimes de guerra. Isso não é uma opinião, é um fato.
Atualmente, a faixa de Gaza é governada pelo Hamas, grupo islâmico palestino que constantemente ataca Israel. A atual ofensiva de Israel foi declarada como resposta a um ataque do grupo islâmico que deixou 1.160 mortos. Isso não é uma opinião, é um fato.
O conflito se iniciou após a ocupação do estado de Israel no Oriente Médio, que hoje, após diversas intromissões de países como Estados Unidos na política e na economia local, monitora a entrada e saída de pessoas e mercadorias de Gaza. Isso não é opinião, é um fato.
Os perigos de confundir opiniões, fatos e crimes
Diante desses fatos, acredito que até você tenha uma opinião quanto a guerra no Oriente Médio. Cinema é uma grande plataforma para a propagação de mensagens, e não à toa que é utilizada como ferramenta política desde o seu surgimento. Seja para sensibilizar o povo, ou encher os seus corações de ódio. E para isso não falta exemplos, D. W. Griffith foi responsável pelo filme “Nascimento de uma Nação”, longa que inspirou os líderes da seita Ku Klux Klan, que é antissemita e declara ódio contra outras minorias.
Outro exemplo são os responsáveis pela propaganda do estado nazista durante a segunda guerra, Leni Riefenstahl e Joseph Goebbels. Todos jogados ao ostracismo. Com feridas ainda a cicatrizar, a Alemanha possui políticas públicas muito claras quanto ao antissemitismo. Mas não podemos confundir os fatos.
Bassel Adra, cineasta palestino, acusou o massacre cometido contra o seu povo, além de ter ganho um prêmio pelo seu documentário que exibe palestinos sendo expulsos da região da Cisjordânia. Ao contrário dos outros exemplos, seus filmes buscam sensibilizar quanto ao sofrimento causado pela guerra. Outros cineastas fizeram o mesmo, e nas exibições de seus filmes, pediram pelo fim das mortes causadas por Israel.
Eles foram duramente criticados pelo prefeito da capital alemã, Kai Wegner, que os acusou de propagar mensagens antissemitas, junto a outras figuras públicas alemãs. Ao utilizar de signos capazes de evocar repulsa do povo alemão, os representantes deturpam um fato, e manipulam a opinião pública, tal qual D. W. Griffith, Leni Riefenstahl e Joseph Goebbels. Tanto no cinema quanto na política, é fácil de se manipular signos para deturpar um fato. Chamar o conflito em gaza de “crise humanitária” é uma opinião, o fato é que ali ocorre uma guerra, e 30.000 corpos configura genocídio. O que os cineastas estão verbalizando não é uma opinião.
Não houve antissemitismo no 74° festival de Berlim, e isso é um fato. Se a opinião dos cineastas é correta, cabe a você decidir.
Imagem: Divulgação/Antipode Filmes
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