Atração do The Town, vocalista do Iron Maiden detalha sua preferência por afinações mais pesadas e destaca a liberdade criativa que encontra fora da banda

Ao longo de sua carreira, Bruce Dickinson nunca teve medo de explorar territórios diferentes daqueles trilhados pelo Iron Maiden. Em recente entrevista à rádio de Idaho 94.9 e 104.5 The Pick (via Louder Sound), o vocalista, que é atração do The Town 2025, explicou por que sua trajetória solo apresenta um peso maior do que o som característico da Donzela de Ferro.

Segundo ele, muito disso vem de escolhas estéticas distintas. Enquanto na carreira solo prefere usar afinações mais baixas e abrir mão de certas harmonias de guitarra, dentro do Maiden as composições seguem a identidade moldada por Steve Harris, fundador, baixista e principal compositor da banda. “Maiden, estilisticamente, obviamente, há muita influência do Steve em tudo”, afirmou. “E, embora às vezes seja pesado, às vezes também é progressivo e coisas assim.”

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Dickinson reconhece que também flerta com o progressivo em alguns momentos, mas destaca que busca uma sonoridade mais crua e esmagadora em seus discos. “Já comigo, eu sigo a rota do prog em alguns momentos, mas eu adoro aquele tipo de som esmagador, detonado… Quero dizer, hoje existe muita coisa pesada no ar, algo que o Maiden realmente não aproveita, porque não tenho certeza se isso se encaixa no tipo de sonoridade que o Steve gosta.”

Apesar de sua preferência pelo peso, Dickinson frisa que não se prende a rótulos ou limitações musicais. Para ele, a liberdade criativa é fundamental. “É como ser um pintor com uma paleta ilimitada”, explicou. “Claro que existe o risco de se espalhar demais, mas é um risco que vale a pena correr, porque você deve ser um artista.”

Essa visão se reflete em seus trabalhos recentes. Em 2023, ele lançou “The Mandrake Project”, seu sétimo álbum solo, via BMG. No ano seguinte, revisitou seu clássico “Balls To Picasso” (1994) em uma versão remixada, com guitarras ainda mais proeminentes. Esse álbum, o primeiro da fase em que esteve fora do Iron Maiden, traz a faixa “Tears of the Dragon”, que no Brasil se tornou um sucesso radiofônico, ao contrário dos EUA e da Inglaterra natal. E o futuro já está traçado: em entrevista à Metal Hammer, Dickinson revelou que está avançando no oitavo álbum de estúdio, previsto para 2027. O entusiasmo em torno do novo material é tanto que até mesmo Steve Harris, crítico exigente, mostrou-se impressionado.

“Eu estava mostrando as demos para a equipe, para a administração, porque eu tenho tudo em um tabletzinho”, contou Dickinson. “‘Então eu disse: ‘Querem ouvir coisas novas?’ Eu não sabia que o Steve estava fazendo fisioterapia na sala ao lado. E ele saiu e perguntou: ‘Isso é seu material novo?’ Eu respondi: ‘Sim.’ Ele disse: ‘Isso é o melhor que você já fez. É o melhor que eu já ouvi de você!’ Aí eu disse: ‘Muito obrigado, chefe!’”

Enquanto isso, o Iron Maiden segue celebrando seus 50 anos de história com a turnê Run For Your Lives, que trouxe à tona músicas dos nove primeiros álbuns da banda e movimentou plateias pela Europa, maratona que deve se estender até 2026. Dickinson esteve no Brasil em 2024 por duas vezes. A primeira com seu show solo, divulgando o álbum The Mandrake Project, passando por sete cidades entre abril e maio, e a segunda em dezembro com o Maiden, em São Paulo. Este foi o último show da banda com o baterista Nico McBrain, que se aposentou dos palcos.

Nesta segunda edição do The Town, festival dos mesmos criadores do Rock In Rio, que acontece em São Paulo, o vocalista fará parte do Dia do Punk no line-up do palco Skyline, o palco principal do evento, juntamente com Green Day, Sex Pistols e Capital Inicial.

_{Colagem com duas fotos de Bruce Dickinson. Imagem: Divulgação/Instagram (via @brucedickinsonhq e @ironmaiden / Fotografia nº2 por @apollinecornuet)}