Vocalista, guitarrista, baixista, fotógrafo, vídeo maker, editor, são muitas as vocações desse artista completo que é Caio Correa. Durante 11 anos, atuou como baixista na banda Scracho, que teve sua pausa anunciada em 2015. Scracho ganhou muitos ouvintes através de sucessos como “Morena”, “Universo Paralelo” e “Divina Comédia”. Após a pausa da banda, Caio desenvolveu trabalhos com fotografia e vídeo e, claro, trabalhou na criação de seu primeiro CD solo, Muiraquitã.
No Muiraquitã encontramos melodias com vertentes diferenciadas, tendo como mais frequente o reggae. Mas em músicas como “Xote”, encontramos influência do xote, forró, como o próprio nome antecipa. Com letras que abordam problemas sociais e letras de amor, esse CD está pronto pra agradar ouvidos atentos e passar mensagens relevantes.
No último domingo, dia 9/10/16, Caio chegou ao Teatro Odisséia, na Lapa, para lançar esse novo trabalho. Contou com shows de abertura de Lucas Solaris e Pedro Lobo, no seu projeto Pedro Loop, além de participações especiais durante o show com Ivan Mendes, Dedé Teicher, Rodrigo Costa e Diego Miranda. A Woo! Magazine foi acompanhar esse lançamento do cenário musical e ainda conseguimos uma entrevista exclusiva nesse momento tão importante na carreia de Caio. Confira abaixo.
Letycia – Quando Scracho acabou você já planejava o Muiraquitã?
Já. Na verdade eu vinha compondo umas músicas que não encaixavam no Scracho, tinha outras referências, outra sonoridade, outros assuntos e algumas eu tentei oferecer pra galera do Scracho mas não era muito a onda da banda nem dos outros integrantes. Eu fui criando um repertório que eu tinha. Não foi um CD que parei e pensei “agora vou fazer o Muiraquitã”, o muiraquitã é uma coleção de músicas que eu vim fazendo ao longo de um tempo. Isso é bem normal no primeiro disco de muita gente. Mas eu já tinha intenção de gravar o disco, ainda não tinha o nome, quando o scracho fez a pausa eu pensei que não havia momento mais propício pra isso.
Letycia – Qual foi a inspiração pra chamar o álbum de Muiraquitã?
Cara, é o seguinte, um dos primeiros shows que o Scracho foi fazer depois que a gente tinha anunciado o nosso término, nossa pausa no caso, foi em Natal. Era um festival que tinha o Forfun, tinha o Dead fish e a gente fez o nosso show, foi maneiro. Quando acabamos o show, fomos conversar com uma galera fã e veio um grupo de Belém. Eles tem uma banda chamada Zeit e Zeit é o nome de uma musica que eu canto no Scracho, do ultimo disco. Eles vieram dar um presente pra cada um e vieram pra mim com um muiraquitã, muiraquitã é um amuleto do norte. Com o Muiraquitã eles falaram: “pô, cara, é pra você ter uma nova sorte, uma boa sorte nessa nova caminhada, pra ter bons anseios, pra boas energias da nossa parte e que você carregue o norte do país com você.”
Isso aconteceu em um momento que eu estava querendo decidir o que ia ser o disco, qual seria a unidade do disco e quando eles me falaram isso eu tinha uma base de música com o Gabriel (ex-guitarrista Scracho), com isso eu consegui finalizar o refrão que era com muiraquitã, foi encaixando a palavra muiraquitã. Então foi muito bom, o muiraquitã tem uma historia que a primeira coisa que eles me disseram é “o muiraquitã é sempre um amuleto que voce dá pra outra pessoa. Não é algo que você compra por vaidade ou por adereço e nem por fé, é algo que voce dá pra outra pessoa de bom grado, um presente”. E eu acho que música é um pouco isso. A música sempre quem faz ou quem ouve quer se sentir bem. Tanto que mesmo quando um cantor tiver tocando uma música que ele tá gostando muito e o publico nao ta se sentindo bem, ele também não se sente bem. Música é um coisa dessa sabe, uma troca, uma doação e eu achei que tem muito a ver e foi daí que veio.
Letycia – Qual mensagem você quer expressar através do CD?
O CD tem musica de amor também, mas eu diria que a música que pra mim tem mais significado em termo de conceito é O Caldo. É uma música que fala muito de mim, ela fala da minha cabeça, é uma conversa entre EU e EU mesmo, sabe? Onde eu falo que a gente vai chegar lá , que é o cerne da minha cabeça. Nas minhas ideologias, das minhas vontades, das coisas que me fazem bem. É basicamente eu tentando achar isso, e eu acho que esse disco foi pra mim mesmo. Foi uma descoberta muito grande, o processo de gravação foi muito libertador, não tinha arranjos, tudo foi criado na hora de uma forma muito livre então eu achei uma identidade que eu nem sabia que tinha. Essa música eu acho bastante significativa e o disco tem um viés um pouco mais político. Eu tenho estado muito insatisfeito com as coisas que vem acontecendo e eu sinto falta de expressar isso de alguma forma. E eu queria expressar isso, mas não necessariamente numa visão política chata ou agressiva, eu não acho que o disco tenha agressividade. Tem uma frase que eu gosto e falo bastante é que não adianta só o mostrar o problema, você tem que mostrar uma solução. Eu sempre tento trazer nas minhas músicas um lado que acho que está ruim, mas mostrando como eu acho que podemos sobressair nesse ponto. Essa é a grande intenção do disco.
Letycia – Você era baixista no Scracho, agora você trabalha com guitarra, violão e voz. Como se deu essa transição?
O primeiro instrumento que toquei foi um Violão, aos 10 anos. Mas o primeiro instrumento que estudei e me dediquei foi o contra-baixo, então meu instrumento de formação é o baixo. Mas eu sempre gostei muito de tocar violão, sempre gostei muito de tocar guitarra, sempre gostei de ouvir músicas que tenham uma guitarra muito presente. Gosto muito de blues, gosto muito de rock n’ roll e eu sempre tive vontade de fazer isso. No disco tivemos uma liberdade de gravação muito grande, como eu disse. Então eu toquei guitarra, eu toquei baixo também, violão, teclado, percussão. Tive experiências novas e gostei muito de tocar guitarra. Além disso, tocar baixo e cantar é muito complicado, num show que canto todas as músicas, quero estar solto, acho que a guitarra facilita nessa questão. Tem músicas que só canto também. Foi um processo natural.
Letycia – Teria uma música que você goste mais de cantar?
Tem, a “É Gol”. Ela é uma música que canto com muita energia. Eu gosto de coisa que tem punch na voz, dou uns gritos, umas interpretações que eu gosto e ela é a última do show. Então a gente termina bem pra cima, termina no rock n’ roll. Não é que eu goste mais dela do que das outras, mas eu acho que jogo uma boa energia com ela.
Letycia – Como você se sente retornando aos palcos com seu projeto solo?
É a melhor coisa do mundo. A gente vive disso, há muito tempo, então isso faz parte da vida de uma forma impressionante, dá muita saudade.
Por Letycia Miranda
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