Quando uma mãe solteira (Jennifer Jason Leigh) e seus três filhos – a irmã mais velha Belle (Bella Thorne), seu irmão gêmeo James (Cameron Monaghan) e a pequena irmã Juliet (Mckenna Grace) – se mudam a uma nova casa, uma série de fenômenos assustadores começam a acontecer. Em breve, Belle percebe que o lugar onde moram é na verdade a amaldiçoada casa de Amityville. Já vimos isso antes, em muitos e muitos lugares, mas Hollywood não se cansa de recontar o passado, infelizmente.
Durante uma das cenas de “Amytiville: O Despertar”, há um flashback que parte do momento em que Terrence (Thomas Mann) pede a seus dois companheiros de classe, Belle e Marissa (Taylor Spreitler) para escolher entre assistir o DVD do Amytiville original de 1979 e o prequel de 1982, chamado “Amytiville 2: A Possessão”. Eles, é claro, pularam o segundo e veem o original. Bem, todos sabem o que os críticos e o público sempre dizem sobre refilmagens de clássico de terror: o original é sempre o melhor. Mas, ironicamente, “Amytiville: O Despertar”, é um remake em si, mas que tenta se fazer como o original, o primeiro. Pede para que esqueçamos os anteriores. Um remake que basicamente deu um tiro no pé. Isso porque é chocantemente aborrecido. Tão aborrecido que me fez perguntar por que o estúdio ainda se dá o trabalho em refazer novamente Amytiville? A versão de 2005, que tinha Ryan Reynolds e Melissa George, já era relativamente decente. Esta “Releitura moderna”, no entanto, parece uma dessas produções de terror despreocupadas e que saem direto para as vídeo-locadoras, aquelas mesmas que costumavam existir nos anos 80 e 90.
O diretor francês Franck Khalfoun, cujos créditos anteriores incluem o thriller subterrâneo “P2” (2007) e o remake de terror “Maníaco” (2012), parecia ser um candidato ideal para trazer novos ares para a franquia Amytiville, mas qualquer visão que ele poderia ter foi totalmente enterrada pela produção problemática, que inclui processos de refilmagens de algumas cenas, e as constantes mudanças da data de lançamento, que era inicialmente em 2015. Lembrando que as filmagens principais ocorreram em meados de 2014. O resultado final que foi à tela grande parece feito por um grupo de executivos engravatados do estúdio. A direção é plana e sem inspiração. O enredo, que também foi escrito pelo próprio Khalfoun, é atormentado com personagens mal construídos e vazios, além de possuir um ritmo incoerente. O filme também depende muito de jumpscares baratos e aleatórios. Há pouca substância para suspense e a modificação da classificação indicativo do R original para PG-13 (Nos EUA) fica óbvia por causa da edição picotada e cheia de momentos de cortes abruptos. A trilha de Robin Coudert (creditado no filme como “Rob”) é extremamente genérica, parecendo que foi tirada da biblioteca de música gratuita de algum aplicativo aleatório; enquanto a cinematografia mal iluminada de Steven Poster faz o filme parecer amador.
Apesar de apresentar a atriz veterana Jennifer Jason Leigh como uma das protagonistas, ela é desperdiçada em seu papel de mãe solteira com uma intenção misteriosa. Bella Thorne parece estar perdida e é ainda mais prejudicada porque Khalfoun está mais interessado em explorar sua aparência notoriamente real, apoiada nas imagem da garota malvada, com maquiagem gótica e roupas escassas. Sua atuação é esquecida, se é que ela consegue de fato atuar. Cameron Monaghan, com seu antagonismo vilanesco não é assustador e não transparece algo que possa soar como ameaçador. O geeky de Thomas Mann é o que mais chega próximo de uma atuação de verdade, mas nada que lhe dará um MTV movie Awards. Temos aqui mais uma produção que foi pensada para agradar o público teen e conquistar alguns dólares em bilheteria, mas a impressão é que não alcançará nenhum dos dois objetivos. E assim caminha a humanidade.
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