A Franquia “Invocação do Mal” é, provavelmente, a marca mais forte de terror dos últimos anos. Além do filme título e da série de Annabelle, compõe também esse universo “A Freira” e diversos outros longas agendados. Mas, com a chegada do novo derivado, a pergunta que surge é: “eles ainda tem algo a dizer?”.
Ambientando antes do primeiro “Invocação do Mal”, o filme segue após os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren deixarem a boneca título trancada em uma sala de artefatos em sua casa. No entanto após ser acidentalmente destrancada, Annabelle solta todos os espíritos malignos aprisionados pelo casal e ameaça para sempre a vida de sua filha
Logo de início a direção de Gary Dauberman estabelece uma personalidade própria para o novo derivado, deixando claro a autoconsciência de clichês no gênero. Dauberman evita de início os Jumpscares previsíveis que acabaram por dominar o seu filme irmão “A Freira”. Ao fazer isso ele ganha mais tempo para desenvolver o maior acerto da narrativa: Os personagens e suas relações.
O roteiro tira um grande proveito com uma protagonista já estabelecida. Muito da relação dela com com as novas personagens é bem mais verossímil ao levar em conta as experiências prévias da mesma. Isso somado a um primeiro ato que prefere gastar o tempo de tela mostrando a rotina das garotas, bem como seus conflitos com o com os moradores da pequena vizinhança.
Nos primeiros 20 minutos há apenas a ideia do risco oferecido pelo sobrenatural, muito dos comentários enfatizados por jornais e moradores da localidade ajudam a compor uma atmosfera inquietante, ao mesmo tempo que o núcleo jovem melodramático se instaura com uma naturalidade quase simbiótica ao gênero.
Chega a ser engraçado que o retrato do drama juvenil tenha dado tão certo durante a primeira hora, já que no restante da trama ele passe a andar por território mais comum dentro gênero, isso é: esquecer toda autoconsciência que estava presente durante o início e passar a apostar em jumpscares que parecem ter saído direto dos anos 2000. Com isso em mente, a sequência envolvendo o entregador de pizza funciona quase como um gatilho visual, já que nela estão presente todos os arquétipos imagéticos de “típico jovem semi-figurante que vai morrer”, com destaque especial para o entregador.
Uma vez que o roteiro justificou a motivação de cada um dos novos integrantes do elenco, os atores fazem o possível para que o abraço dado às convenções de gênero não engula os personagens. Mckenna Grace consegue se esquivar do estereótipo de “garotinha assustada”, ao mesmo tempo que demonstra maturidade para conversas sobre luto. Também tem de ser destacadas a dupla Madison Iseman e Katie Sarife, que conseguem transparecer um senso de amizade através de olhares e cutucões.
Através desses contatos e do enfoque nos relacionamentos, o humor acaba ganhando um lugar maior nesse longa que nos outros capítulos e, com isso, acaba soando com mais personalidade dentro dos derivados.
No fim, “Anabelle 3 – De Volta Para Casa” acaba por ter algo a dizer no universo em que está inserido, justamente por ser o que menos tenta dizer algo.
Imagens e vídeo: Divulgação/Warner Bros. Pictures
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