Um respiro debaixo d’água para os heróis da DC
Duramente criticada em suas últimas adaptações para o cinema, a DC Comics desde a trilogia “Batman: Cavaleiro das Trevas” não conseguia manter o prestígio de suas produções. A aposta na criação de um universo estendido como o da concorrente Marvel, fez com que o estúdio criasse o DCEU (Universo Estendido DC), mas depois de péssimos filmes, exceto “Mulher Maravilha”, a proposta caminhava dolorosamente para seu fim. Por fracassar com os seus personagens mais conhecidos, Superman e Batman, a desconfiança diante do já pouco prestigiado “Aquaman“ se tornou algo comum a todos, principalmente pelo rumo que o estúdio vinha dando a suas produções. No entanto, temos nesse filme um exemplo de como levar a história de origem de um herói para os cinemas e de como a DC ainda pode sobreviver.
No longa, o herói “Aquaman” ainda possui um ressentimento pela morte da sua mãe, mas precisa lutar contra esse assombro do passado para evitar uma guerra entre o povo dos mares e os da terra.
O maior acerto do filme foi se apegar a mitologia em torno do herói deixando de lado a parte realista. Sem medo de ser feliz, o enredo se embriaga dos mitos recheando a história de contextos e criando um mundo a parte no Universo DC. Mundo esse que faz desnecessário qualquer crossover para que esse filme sobreviva independente do DCEU.
Logo de início, o filme solidifica a base da história com uma narrativa bem feita de como os pais de Aquaman se conheceram e o porque deles não puderem ficar juntos. No pouco tempo de tela, Nicole Kidman conquista no papel da Rainha Atlanna.
E desde o primeiro minuto já temos um bom trabalho de fotografia. As cenas capricham com o uso das cores do crepúsculo e os enquadramentos sempre buscam pegar o melhor ângulo para mostrar o horizonte que finda no encontro do céu e mar.
“Aquaman” (Jason Momoa) surge em cena na primeira sequência de ação eletrizante, com o primeiro de muitos planos “sequência” com cortes sutis, que ficam imperceptíveis e dão a sensação de uma ação contínua, sem deixar o expectador respirar. As transições são algo a parte, feitas com muito cuidado para ludibriar o telespectador com o mar que se transforma em um aquário e/ou um globo de neve que finaliza em um plano fechado de uma cena real e por aí vai.
Aliás, a brincadeira de planos abertos nos quais ações simultâneas ocorrem ao mesmo tempo é outro capricho da direção ousada de James Wan, que mata o ritmo do longa nas grandes cenas de ação ininterruptas.
O uso do CGI abusivo nas cenas subaquáticas pode causar um pouco de insatisfação para os que gostam de realismo. Mas nem esses vão poder negar que o colorido dos belos cenários resultam em cenas visualmente deslumbrantes.
As reviravoltas e batalhas do terceiro ato da história coroam o belo trabalho do roteiro de Will Beall e David Leslie Johnson, pelo caminho que utilizou para contar a história. Temos um vilão, o Mestre dos Oceanos, vivido por Patrick Wilson, com motivações bem fundadas assim com o Arraia Negra que revela sua história de origem durante filme. Amber Heard surpreende como Mera e parece em total sintonia com Jason Momoa durante o filme, ligada diretamente nas melhores cenas de ação.
No fim, “Aquaman” é uma luz no final do túnel sombrio para o qual o DCEU caminhava. E mesmo que esse Universo estendido acabe, com a possível saída de Ben Affleck e Henry Cavill, não seria surpresa uma sequência em filme solo do herói antes renegado por falar com peixes e hoje um dos mais fortes do universo DC.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Warner Bros. Pictures
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.